Uma pesquisa recente realizada com mais de 3 mil professores de educação física em todo o Brasil destacou os grandes desafios enfrentados por esses profissionais no ensino da disciplina. O estudo, conduzido pelo Instituto Península, uma Organização Não Governamental, revelou que cerca de 80% dos professores já precisaram comprar materiais com recursos próprios para conseguirem ministrar suas aulas de forma adequada.
Entre os principais problemas apontados pelos professores está a falta de estrutura adequada para as aulas de educação física. 94,7% dos docentes destacaram que os espaços onde as aulas são ministradas necessitam de melhorias, como quadras esportivas em más condições, ausência de vestiários e falta de materiais esportivos básicos, como bolas de vôlei, handebol, basquete e futsal.
Diante dessas dificuldades, os professores têm buscado soluções criativas para contornar os problemas de infraestrutura. Mais da metade deles (51,9%) acabam levando seu próprio material para as aulas, 50,9% chegam a confeccionar seus próprios materiais, 16% contam com doações e 14,6% acabam desenvolvendo atividades que não requerem o uso de materiais específicos.
A pesquisa também destacou a questão do bullying dentro das aulas de educação física. Cerca de 76,1% dos professores afirmaram já ter presenciado situações de intimidação sistemática por parte dos alunos, seja de forma física ou psicológica. Os casos mais comuns envolvem questões de habilidade técnica dos estudantes (79,7%), seguidos por temas como aparência (54,6%), gênero (28,8%) e sexualidade (23%).
É preocupante notar que 21,4% dos professores admitiram não se sentirem preparados para lidar com situações de bullying em suas aulas, o que evidencia a necessidade urgente de oferecer apoio e capacitação adequada a esses profissionais. Além disso, a pesquisa revelou que quase 37% dos entrevistados apontaram dificuldades em incluir meninas nas aulas de educação física, apontando para a necessidade de promover estratégias que incentivem a participação igualitária de todos os alunos.
Diante desses dados alarmantes, é fundamental que as autoridades competentes, como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, o Conselho Nacional de Secretários de Educação e a Federação Nacional das Escolas Particulares, se mobilizem para garantir condições dignas de trabalho aos professores de educação física e promover um ambiente escolar mais seguro e inclusivo para todos os estudantes. A educação física desempenha um papel fundamental na formação dos jovens e não pode ser negligenciada diante de tantos desafios enfrentados pelos profissionais da área. Que esses resultados sirvam como um alerta e uma oportunidade de transformação na educação no Brasil.
Com informações da EBC
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