De acordo com um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), foi identificado um aumento significativo na oferta de cursos de pós-graduação em medicina no Brasil. Especificamente, 41,2% desses cursos são ministrados inteiramente a distância, 35,3% na modalidade de ensino a distância (EAD) e 11,1% de forma semipresencial. Essa tendência é preocupante, uma vez que pode resultar em uma perda de qualidade na formação dos futuros profissionais de saúde.
Os pesquisadores analisaram um total de 2.148 cursos de pós-graduação em medicina oferecidos por 373 instituições de ensino. Foi observado que os cursos ministrados exclusivamente na modalidade EAD possuem uma duração média de 9,7 meses, enquanto os cursos presenciais têm uma duração média de 15,4 meses e os semipresenciais de 13,9 meses. Além disso, a maioria dos cursos a distância é oferecida por instituições privadas, com maior concentração na região Sudeste, principalmente em São Paulo.
Uma das preocupações levantadas é que essa expansão na oferta de cursos de pós-graduação em medicina pode estar relacionada a uma prática predatória, na qual alguns cursos se passam indevidamente por especialidades médicas, levando a equívocos tanto por parte dos profissionais quanto da população em geral. No Brasil, o título de médico especialista é concedido apenas a profissionais que tenham concluído a Residência Médica (RM) ou obtido o título por meio das sociedades de especialidades filiadas à AMB. Por outro lado, os cursos de pós-graduação lato sensu exigem apenas o registro junto ao Ministério da Educação, com algumas instituições cobrando altas taxas dos estudantes.
Para o Dr. Mário Scheffer, coordenador da pesquisa, o aumento na oferta desses cursos está diretamente relacionado à abertura desordenada de novas escolas de medicina, sem um planejamento adequado. Ele ressalta a importância de regulamentar e diferenciar claramente o papel desses cursos, visando fortalecer a Residência Médica como a principal modalidade de formação especializada para os médicos. Além disso, o estudo destaca que muitos desses cursos têm nomes semelhantes às especialidades médicas reconhecidas, o que pode gerar confusão e desinformação.
Em resumo, a proliferação de cursos de pós-graduação em medicina com baixos padrões de qualidade representa um desafio para a formação adequada de profissionais de saúde no Brasil. A falta de critérios claros e a oferta inadequada de cursos podem comprometer a qualidade do atendimento prestado à população, especialmente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, é fundamental que sejam adotadas medidas para garantir a excelência na formação dos médicos e a segurança dos pacientes.
Com informações da EBC
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