Maceió, além de ser conhecida por suas deslumbrantes praias e águas cristalinas, abriga uma riqueza cultural vibrante que pulse através de suas manifestações populares. A cidade é um verdadeiro caldeirão de diversidade, onde os folguedos enchem as ruas de cores vibrantes, sons festivos e uma profunda conexão com a história e a identidade local. Entre os gêneros que se destacam, o Guerreiro Alagoano é um ícone dessa cultura, caracterizado por seus chapéus exuberantes, fitas coloridas e passos que narram histórias de festividade e resistência.
A celebração do Dia da Cultura Popular, em 22 de agosto, destaca a relevância dos saberes que são passados de geração em geração, e é neste contexto que surge o Guerreiro Grande Poder. Este grupo estreará durante o Festival da Cultura Popular, promovido pelo Maracatu Baque Alagoano, em 23 de agosto, em Jaraguá, contando com o suporte da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC).
O Guerreiro Grande Poder é o resultado da determinação e da paixão de figuras que desejam preservar e reviver o legado deixado por Mestre Verdelinho. Ele foi uma das figuras mais significativas da cultura popular alagoana, reconhecido por seu envolvimento com o Coco de Roda e o Pagode Alagoano, além da sua relação profunda com a brincadeira do Guerreiro, que moldou sua vida e a de sua família.
Dois anos atrás, o desejo de resgatar essa tradição começou a ganhar forma. Entre encontros, ensaios e diálogos sobre saberes, um grupo de filhos, amigos e entusiastas se uniu em prol de um propósito. Nildo Verdelinho, um dos filhos de Mestre Verdelinho, assumiu o papel de mestre do novo grupo. Ele expressa sua motivação ao perceber que muitos conhecimentos estavam se perdendo com o desaparecimento de mestres tradicionais, e, assim, a vontade de reviver o Guerreiro se tornou um projeto coletivo.
Nildo compartilha suas memórias de infância, onde a tradição estava presente em cada esquina. Através da comunidade e dos encontros culturais, ele encontrou o impulso necessário para dar vida ao Guerreiro Grande Poder. Com apoio significativo de amigos, como Juliana Barreto e Daniel Ginga, o projeto foi se concretizando, mesmo que inicialmente em ensaios informais, onde a paixão pela dança e pela música guiava o grupo.
O eco do sonho de Mestre Verdelinho ressoa também na trajetória de seus filhos, como Geninho Verdelinho, que recorda sua infância ao lado do pai, acompanhando-o em apresentações. Para ele, a estreia do Guerreiro Grande Poder significa uma realização de anseios coletivos e o sucedido amor pela tradição. A conexão entre gerações é palpável quando ele observa sua filha se envolver da mesma forma que ele fez um dia.
A equipe que compõe o Guerreiro Grande Poder é movida pelo afeto e pela colaboração mútua. Iris Verdelinho, esposa de Nildo, destaca o papel vital que a união e a ajuda entre amigos desempenharam na criação do projeto, além de ressaltar a importância das artesãs, como Mestra Vânia, que deram vida aos chapéus e trajes com profundo sentimento e histórias enraizadas na cultura.
O Guerreiro Grande Poder, além de trazer personagens clássicos para o palco, também simboliza um importante marco no Festival da Cultura Popular. Junto ao Maracatu Baque Alagoano, que celebra 18 anos de resgate e promoção da cultura afroalagoana, a apresentação se transforma em uma celebração da diversidade, da resistência e da força da tradição.
Com o apoio de iniciativas da Prefeitura de Maceió e a ação da FMAC, o futuro da cultura popular está sendo investido, reafirmando que essa herança não é apenas um legado, mas também um caminho a ser trilhado. A conexão com as novas gerações se fortalece por meio de projetos que aproximam a cultura das crianças nas escolas e que garantem visibilidade aos que mantêm as tradições vivas.
Maceió, com sua cultura rica e pulsante, mostra que a resistência e o pertencimento estão no cerne da identidade de seu povo, celebrando o passado enquanto se projeta para o futuro.