A venda de vinhos em bares e restaurantes brasileiros vem se consolidando como um aspecto crucial do setor, refletindo a diversificação e as oportunidades de crescimento nessa área. De acordo com uma pesquisa abrangente realizada pela Abrasel, que incluiu a participação de 2.649 empreendedores, cerca de 48% dos estabelecimentos optam por incluir vinhos em seu portfólio. O formato mais popular é o de garrafa de 750 ml, disponível em 93% dos locais que comercializam a bebida; esse mesmo formato é o mais frequentemente vendido, com 90% das empresas oferecendo-o. As vendas em taças também ganham espaço, com 65% dos estabelecimentos disponibilizando essa opção.
A pesquisa revela ainda que há espaço para formatos menores: 28% dos entrevistados comercializam garrafas de 375 ml e 11% disponibilizam as de 187 ml. A precificação é uma estratégia fundamental, já que 80% dos estabelecimentos cobram até R$30 pela taça, ao passo que as garrafas de 750 ml são predominantemente vendidas entre R$ 81 e R$ 120 por 43% dos negócios, ou acima de R$ 120 por 25%.
Interessantemente, apesar da sua presença no mercado, o vinho ocupa o terceiro lugar entre as bebidas alcoólicas mais consumidas, ficando atrás da cerveja, encontrada em 74% dos locais, e dos destilados, que têm 50% de presença. Entre os 52% que não comercializam vinhos, a principal justificativa é a crença de que a bebida não se encaixa na proposta do negócio, com 51% citando esta razão, enquanto 32% alegam baixa demanda entre os clientes. Esses dados sinalizam para uma falta de conhecimento tanto por parte dos consumidores quanto das equipes de atendimento, fato que pode ser aprimorado com treinamentos adequados.
O especialista Diego Bertolini enfatiza a importância do treinamento da equipe. Quando os garçons estão capacitados para explicar, sugerir e harmonizar, a venda de vinhos tende a aumentar. Ele também destaca o bag-in-box, como uma opção vantajosa para servirem vinho de forma acessível e com menos desperdício. Este formato é utilizado por 15% dos estabelecimentos e permite uma margem de lucro interessante ao vender taças.
Além disso, os dados indicam que a maioria dos empreendimentos realiza suas compras de vinhos através de distribuidoras (71%), seguidas por importadoras (37%) e atacarejos (26%). O armazenamento ideal ocorre em adegas climatizadas para 42% dos entrevistados, mas há também a utilização de geladeiras comuns e locais de estoque seco.
A desmistificação de que é necessária uma infraestrutura sofisticada para a venda de vinhos é uma mensagem forte de Bertolini, reafirmando que com os equipamentos já existentes, muitos estabelecimentos podem iniciar a comercialização de vinhos de maneira eficiente. O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, complementa afirmando que, apesar do crescimento do vinho, ele ainda é visto como um produto de nicho. Com ações focadas em capacitação, parcerias e formatos acessíveis, é viável expandir a presença dos vinhos no setor e enriquecer a experiência dos consumidores. Assim, oportunidades significativas estão à espera para um setor que já demonstra um grande potencial de crescimento.
Com informações e fotos da Abrasel/BR