O Pantanal, uma das regiões mais impactadas pelos constantes incêndios florestais, foi palco da trágica morte de três onças-pintadas devido ao fogo descontrolado. O biólogo Gustavo Figueiroa, integrante das Brigadas Pantaneiras, afirmou que a situação é alarmante e pode ter consequências devastadoras para a fauna do bioma.
O relato doloroso de encontrar dois filhotes carbonizados em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, e uma terceira onça morta na propriedade do Recanto Ecológico Caiman, em Miranda, ressaltou a gravidade da situação. Segundo Figueiroa, as onças são predadores topo de cadeia, essenciais para o equilíbrio ambiental. Além disso, alertou que a morte desses animais representa apenas uma parte dos graves impactos que os incêndios podem causar em outras espécies mais vulneráveis.
Um estudo recente publicado na revista Global Change Biology apontou que, no incêndio de 2020, as onças-pintadas foram as únicas das oito espécies investigadas que não sofreram uma redução populacional significativa, devido à sua capacidade migratória. No entanto, os pesquisadores alertaram para os efeitos negativos que a frequência e gravidade dos incêndios podem ter na distribuição e persistência das espécies no bioma.
O tatu-canastra foi citado como uma das espécies mais suscetíveis aos danos causados pelo fogo, dado o seu perfil populacional reduzido e as dificuldades em escapar das queimadas. O estudo também destacou a influência da mudança climática e da intensificação dos incêndios na região, fatores que estão contribuindo para a perda de biodiversidade e a extinção local de várias espécies.
As brigadas de combate aos incêndios no Pantanal enfrentam desafios diários, incluindo dificuldades de acesso a áreas de vegetação mais densa e a necessidade de empregar estratégias como aceiros e contrafogos para conter o avanço das chamas. O cenário climático atual, marcado por ondas de calor e baixa umidade, também contribui para a propagação do fogo e dificulta o controle das queimadas.
Diante desse cenário caótico, a conservação da fauna e da flora do Pantanal se torna uma prioridade urgente. A Reserva Particular do Patrimônio Natural Dona Aracy, no Recanto Ecológico Caiman, viu 80% de sua área ser consumida pelo fogo em julho, levando à suspensão das atividades de ecoturismo. A proteção dos ecossistemas naturais e o resgate dos animais silvestres tornam-se tarefas essenciais para garantir a sobrevivência das espécies que habitam essa região única e exuberante.
Com informações da EBC
Fotos: © Marcelo Camargo/Agência Brasil / EBC