O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) anunciou esta semana a emissão de títulos verdes no valor de US$ 225 milhões, com o objetivo de atrair investimentos para o reflorestamento na Amazônia. Esses títulos, equivalentes a cerca de R$ 1,2 bilhão, serão disponibilizados na modalidade de título de impacto, um instrumento financeiro utilizado para financiar projetos com resultados socioambientais. De acordo com o anúncio, essa é a maior emissão vinculada a resultado já realizada pela instituição.
O gestor de fundos estruturados certificado pela Anbima, Alexander Marinho, explicou que essa modalidade funciona de forma semelhante às negociações de títulos de dívida tradicionais. Nesse caso, uma parte demanda recursos e outra tem disponibilidade para investir, com a atuação de agentes intermediários que analisam os projetos, estruturam o financiamento e negociam recursos entre as fontes disponíveis.
Os títulos verdes terão uma duração de nove anos até serem liquidados em 2033, com condições de juros de 1,745% ao ano e um acréscimo variável que pode chegar a mais 4,362% de pagamento anual. Esse diferencial na modalidade de título de impacto é resultado do sucesso do projeto, que vem a ser uma espécie de prêmio pelo alcance dos resultados esperados.
O principal objetivo desse investimento é o reflorestamento de áreas desmatadas na Amazônia por uma startup brasileira, visando lucrar a partir da Remoção de Carbono (CRUs) provenientes das áreas recuperadas com vegetação nativa. Além disso, o projeto prevê a retirada de gases do efeito estufa já emitidos na atmosfera, indo além das ações para reduzir as emissões.
Dos US$ 225 milhões, cerca de 16% será investido nas ações de reflorestamento, enquanto o restante garantirá o pagamento dos juros aos investidores até que as árvores plantadas possam cumprir o serviço ecossistêmico capaz de gerar novos recursos no mercado de carbono. Os títulos emitidos pelo Bird já despertaram o interesse de grandes investidores internacionais que buscam associar suas marcas aos impactos socioambientais oferecidos.
Mesmo sendo um projeto inovador, há riscos de não alcançar os resultados esperados e gerar um retorno financeiro abaixo do mercado. No entanto, o aval do Bird, que faz parte do Banco Mundial, torna os papéis mais atraentes e mostra-se como uma maneira inteligente de trazer mais recursos para projetos de impacto. Toda a emissão é previamente planejada pelos agentes intermediários para atrair o maior número possível de investidores e fontes de financiamento, seguindo as regras do mercado público de títulos. Equipes qualificadas de instituições do mercado financeiro e de capitais analisam a estruturação dos títulos para a obtenção do maior número de investidores e fontes de financiamento possíveis.
Com informações da EBC
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