No interior de Rondônia, o destino de uma extensa área de 8.070 hectares está sendo disputado judicialmente. O protagonista dessa disputa é um homem conhecido como Tanaru, ou o “Índio do Buraco”, que viveu em isolamento voluntário por aproximadamente 26 anos. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) o monitorou a distância desde 1996, quando o avistaram pela primeira vez, alegando que ele era o único sobrevivente de sua comunidade, de etnia desconhecida. Com o falecimento de Tanaru em 2022, indígenas, o Ministério Público Federal (MPF) e um grupo de não indígenas estão aguardando a decisão da Justiça Federal para determinar o futuro da área onde ele viveu.
A descoberta da morte de Tanaru em 2022 gerou diversas especulações sobre sua origem e história. Ele vivia em palhoças que ele mesmo construía, mantendo-se afastado do contato com outros seres humanos. Sabe-se pouco sobre sua etnia, língua falada ou idade aproximada. Ele recebeu o apelido de “Índio do Buraco” dos servidores da Funai, em referência ao rio que corta a região e ao hábito de cavar buracos profundos em suas novas moradias. Apesar de arredio em algumas ocasiões, Tanaru aceitava utensílios e sementes deixados pelos servidores da Funai, demonstrando habilidades de sobrevivência.
A morte de Tanaru despertou um debate sobre a destinação da área onde ele viveu. A Funai e o MPF defendem a transformação do território em uma área pública de proteção socioambiental. Por outro lado, um grupo de pessoas, incluindo particulares que reivindicam a propriedade da terra, contestam essa ideia. Segundo eles, a região não possui ocupação tradicional indígena e é composta por propriedades particulares tituladas há muitos anos.
A região onde Tanaru viveu destaca-se pela sua riqueza em biodiversidade, o que levou à sugestão de transformá-la em um parque arqueológico ou uma área de proteção ambiental. A Coiab, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, solicita que a área seja reconhecida como território tradicional indígena, visando à proteção e promoção socioambiental. Enquanto a Funai estuda a correta destinação para a área, a Justiça Federal em Rondônia agendou uma audiência de conciliação entre as partes para discutir o assunto. A história de Tanaru simboliza a resistência e a luta dos povos originários e desperta um debate importante sobre a preservação da memória e dos direitos humanos.
Com informações da EBC
Fotos: © Foto: Acervo/Funai / EBC