Nos últimos tempos, o Brasil se destacou como o segundo país com o maior número de buscas pelos medicamentos Ozempic e Mounjaro, que pertencem à classe dos GLP-1. Esses fármacos, amplamente utilizados para controlar o peso e auxiliar na perda de peso, têm gerado impactos significativos, não apenas na saúde de milhões de brasileiros, mas também na dinâmica do setor de alimentação fora do lar.
Estudos recentes indicam que os pacientes que estão em tratamento com esses medicamentos tendem a consumir menores quantidades de alimentos e a frequentar menos restaurantes e bares. A similaridade do comportamento dos consumidores no Brasil com o observado em países como os Estados Unidos – onde uma parte considerável da população já aderiu ao uso de Ozempic – gera preocupação e provoca reflexões estratégicas entre os empresários do setor.
Os empresários brasileiros estão diante de um dilema: a redução do apetite pode significar uma diminuição no ticket médio das despesas com alimentação. Contudo, especialistas sugerem que essa situação pode ser vista como uma oportunidade para reavaliar os modelos de funcionamento e os cardápios das empresas. A implementação de porções menores pode não apenas ajudar a minimizar preços e margens de lucro, mas também incentivar a venda de acompanhamentos e bebidas, além de contribuir para a redução do desperdício de alimentos, uma questão crítica enfrentada por muitos negócios.
Outra abordagem interessante seria a criação de cardápios adaptados especificamente para esses novos hábitos alimentares. Redes internacionais, como a Smoothie King, já reconhecem essa tendência e oferecem opções que atendem às necessidades dos consumidores que utilizam esses medicamentos. No Brasil, alguns restaurantes de alta gastronomia já começam a implementar porções menores e menus degustação que permitem uma maior flexibilidade por parte dos clientes.
Entretanto, essa adaptação requer cuidados no que diz respeito à segurança alimentar, especialmente quando se trabalha com porções fracionadas, que podem aumentar o risco de contaminação. Assim, manter um armazenamento adequado e garantir a padronização das fichas técnicas se torna essencial para preservar a qualidade dos alimentos servidos.
Os desafios e as oportunidades apresentadas pela popularização dos medicamentos para emagrecimento são imensos. Para os empresários do setor, enxergar a mudança de hábitos como um impulso para inovação e adaptação pode ser a chave para a sustentabilidade e o sucesso no ambiente altamente competitivo da alimentação fora do lar.
Com informações e fotos da Abrasel/BR