Pesquisadores e cientistas de diversas partes do mundo e áreas do conhecimento têm se unido em uma competição de cinco anos para desenvolver inovações no mapeamento da biodiversidade das florestas tropicais. O prêmio de US$5 milhões tem provocado a integração de tecnologia de ponta com conhecimentos tradicionais de comunidades indígenas, que possuem um profundo conhecimento dos ecossistemas.
Dois exemplos desses cientistas são Marina Mura, desenvolvedora de jogos e liderança, e o biólogo Gabriel Nunes, que vivem próximos e conhecem a Floresta Amazônica em detalhes. Eles fazem parte da equipe suíça ETH Biodivix e participaram ativamente da competição global XPrize Florestas Tropicais, realizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, no Amazonas.
O grupo desenvolveu soluções tecnológicas, utilizando drones e veículos robóticos, para coletar amostras digitais e físicas de imagem, som e DNA ambiental em terrenos desafiadores da Floresta Amazônica. O diferencial das ferramentas utilizadas foi a incorporação de uma inteligência artificial que integra o conhecimento tradicional das comunidades locais.
As inteligências artificiais Tainá e Poli, desenvolvidas pela equipe, conversam em língua portuguesa e reúnem conhecimentos culturais, regionais e científicos da Amazônia. Essas ferramentas foram desenvolvidas após a realização de oito workshops na região, que possibilitaram a interação e confiança da comunidade com o grupo de pesquisadores.
Marina e Gabriel foram fundamentais na instalação de sensores de captura de som e imagens durante o treinamento das inteligências artificiais. Eles também participaram das incursões com drones, complementando as informações obtidas por meio de imagens de satélite. O objetivo é que as comunidades locais se beneficiem da tecnologia desenvolvida e que haja um compartilhamento dos benefícios.
A valorização dos conhecimentos tradicionais da Amazônia é algo que surpreendeu a equipe, que busca envolver as comunidades no processo de pesquisa e beneficiar aqueles que contribuem para a coleta de dados. A ideia é que os conhecimentos tradicionais sejam reconhecidos e remunerados de forma justa, promovendo a preservação dessas culturas e o desenvolvimento sustentável da região.
Com informações da EBC
Fotos: © Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil / EBC