Duas operações da Polícia Federal, intituladas Vuelta e Sáfaro, foram deflagradas em Guarulhos e Minas Gerais com o objetivo de combater redes de migração ilegal. Essas ações representam um desdobramento das estratégias estabelecidas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, especialmente após o lançamento do 1º Plano de Ação em Enfrentamento ao Contrabando de Migrantes no mês de julho.
A Operação Vuelta revelou a atuação de uma organização criminosa internacional sediada na República Dominicana, que recrutava indivíduos para atividades de contrabando com destino à Europa, passando pelo Brasil e fazendo uso de documentação falsa proveniente da Colômbia e Espanha. Durante a ação, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em Guarulhos, principal entrada dos migrantes no país, através do Aeroporto de Guarulhos. Além disso, um mandado de prisão foi efetuado, juntamente com um Termo Circunstanciado referente ao uso de documentos falsos por parte dos integrantes da organização criminosa.
Já a Operação Sáfaro, realizada em Minas Gerais, teve como alvo uma rede responsável por transportar brasileiros para os Estados Unidos através da fronteira terrestre com o México. Os migrantes, oriundos da região leste do estado, recorriam a práticas ilícitas, como o cai-cai, onde famílias inteiras se entregavam para evitar a deportação imediata. Nessa operação, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva, quatro mandados de prisão temporária e houve o bloqueio de R$35 milhões em contas atribuídas aos criminosos.
As autoridades destacam que as atividades dessas redes de migração ilegal expõem dezenas de milhares de pessoas a situações de risco, como a falta de condições adequadas de alimentação e higiene, como foi o caso de um cidadão de Gana que faleceu após um infarto no aeroporto. A sobrecarga enfrentada pelas equipes responsáveis pelo processo de acolhimento e assistência social em Guarulhos motivou a cidade a pleitear o reconhecimento como município de fronteira.
Em resposta a essas ações, o Ministério da Justiça implementará alterações nas regras de acolhimento para passageiros em trânsito a partir da próxima segunda-feira, visando impedir a evasão de vítimas que, através de pedidos falsos de refúgio, buscam driblar a fiscalização nos aeroportos. O secretário Nacional de Justiça, Jean Keiji Uema, ressalta a importância de garantir que o instrumento do refúgio seja utilizado de forma adequada para proteger pessoas perseguidas, e não para facilitar o tráfico de seres humanos e o contrabando de imigrantes.
Diante desse cenário, é fundamental que a população esteja atenta e denuncie casos de contrabando de pessoas por meio dos canais disponíveis, como o Disque 100 para denúncias anônimas, o Ligue 180 para violações contra mulheres e meninas, e a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, acessível através do site do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. As operações realizadas pela Polícia Federal representam um importante avanço no combate a esses crimes e na proteção dos direitos humanos dos migrantes que buscam uma vida melhor em território nacional.
Com informações da EBC
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