O projeto social Teto Trampo Tratamento (TTT) que fornecia moradia e tratamento terapêutico para 25 pessoas na região central de São Paulo foi despejado devido a uma operação policial realizada na última quinta-feira. O hotel onde o projeto estava instalado, alugado com o intuito de abrigar indivíduos em situação de desproteção social, foi um dos alvos dessa ação.
De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, cerca de 28 hotéis e hospedarias na região central estavam envolvidos em um esquema de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Foram autorizados pela Justiça 140 mandados de busca e apreensão, com a determinação de interrupção das atividades econômicas desses estabelecimentos.
Esses hotéis baratos, localizados próximos às estações de metrô da Luz e Julio Prestes, atendem a uma população pobre, incluindo pessoas em situação de rua que ocasionalmente conseguem dinheiro para uma pernoite ou um banho. Além disso, esses locais são frequentados para atividades como prostituição e consumo de drogas.
Durante uma megaoperação policial em 2017 contra a Cracolândia, o fechamento de estabelecimentos similares resultou no retorno de pessoas desprotegidas socialmente para as ruas. O hotel utilizado pelos beneficiários do projeto TTT havia recebido melhorias feitas pelas próprias pessoas assistidas, proporcionando um senso de pertencimento e trabalho que agora se perde com o despejo.
O projeto TTT, criado pelo psiquiatra Flávio Falcone, adota princípios de redução de danos e prioriza a “moradia primeiro” como forma de promover a organização pessoal a partir da segurança de um teto. Além da moradia e alimentação, o programa oferecia atividades culturais remuneradas aos beneficiários, criando oportunidades de inclusão social.
Diante da situação, Falcon tenta realocar os participantes em outro hotel que não esteja em risco de fechamento iminente, ressaltando a importância da moradia como base para a oferta de outros cuidados. Enquanto isso, o proprietário do hotel onde o projeto estava, Marcelo Carames, nega as acusações de envolvimento com o crime organizado e afirma que seu trabalho visa atender a uma demanda local de pessoas em situação vulnerável.
Com informações da EBC
Fotos: © Rovena Rosa/Agência Brasil / EBC