Um estudo divulgado pelo Observatório do Clima apontou que o Brasil precisará reduzir em 92% as emissões de gases do efeito estufa até 2035, visando contribuir de maneira justa para limitar o aquecimento global em 1,5 graus Celsius. Esse percentual foi apresentado nesta segunda-feira pela entidade e tem como base as emissões de 2005, estabelecendo uma redução de 200 milhões de toneladas líquidas por ano em relação às 2,4 bilhões de toneladas líquidas emitidas anualmente há 19 anos.
O estudo considerou a capacidade da atmosfera de suportar gases do efeito estufa para manter o aumento da temperatura global dentro do limite de 1,5ºC, levando em conta as mudanças no uso da terra promovidas pelo Brasil. Segundo Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, esse cálculo é uma abordagem que combina a justiça, considerando o histórico brasileiro na definição de metas nacionalmente determinadas (NDCs), com a viabilidade de ações necessárias para manter o aquecimento global controlado.
A entidade apresentou esses dados como parte da preparação para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será sediada em Belém do Pará. O Observatório do Clima, que contribui desde 2015 com estudos para embasar as políticas climáticas brasileiras, ressalta a importância de o país apresentar uma NDC mais ambiciosa até fevereiro de 2025, em conformidade com o Acordo de Paris.
Como um dos maiores emissores de gases do efeito estufa, o Brasil se comprometeu em reduzir suas emissões em relação aos níveis de 2005, estabelecendo metas que visam cortes significativos até 2030. No entanto, mesmo somando todos os esforços dos países signatários do Acordo de Paris, ainda não se alcança a ambição global de limitar o aquecimento a 1,5ºC, o que poderia resultar em um aumento de até 3ºC na temperatura global.
Para atingir a meta proposta pelo Observatório do Clima, os pesquisadores enfatizam a importância de ações como o desmatamento zero até 2030, a recuperação de 21 milhões de hectares de vegetação nativa, a transição para fontes de energia mais limpas, práticas sustentáveis na agropecuária, além de uma gestão eficaz de resíduos. O objetivo é fazer com que esses números influenciem as decisões políticas e promovam a conscientização sobre a urgência de medidas climáticas mais robustas.
Com informações da EBC
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