A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, realizou uma visita à Douradina, no estado do Mato Grosso do Sul, acompanhada por uma comitiva composta por lideranças indígenas e produtores rurais. O motivo da reunião foi a ocupação de áreas rurais pelos grupos guarani-kaiowá, que reivindicam esses territórios como tradicionais de seus povos.
Essas ocupações, denominadas pelos indígenas como “retomadas”, têm gerado um aumento da violência contra os guarani-kaiowá, que estão envolvidos em um conflito fundiário que persiste ao longo de décadas. Nos últimos dias, essas tensões resultaram em ataques a acampamentos indígenas dentro da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, em Douradina.
Organizações indigenistas denunciaram que nove indígenas foram feridos durante esses ataques, que também resultaram na destruição de barracos, objetos pessoais e elementos simbólicos da cultura guarani-kaiowá. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram a presença de homens armados nas áreas ocupadas.
Diante desse cenário de conflito e violência, a ministra Sonia Guajajara enfatizou a importância da busca pela paz e do diálogo entre todos os envolvidos, destacando que a situação de conflito não interessa a ninguém, nem aos produtores rurais, nem aos indígenas, nem ao governo federal. A ministra ressaltou a necessidade de ouvir todas as partes envolvidas para encontrar uma solução que não envolva violência.
Durante a reunião, a ministra mencionou o reforço do efetivo da Força Nacional de Segurança Pública na região, com o objetivo de garantir a segurança e a integridade dos povos indígenas. Ela também afirmou que o governo federal está trabalhando para concluir os processos demarcatórios de novas terras indígenas, que têm sido contestados judicialmente por produtores rurais.
A ministra ressaltou a importância de pacificar a região por meio do diálogo e da presença do Estado brasileiro, com o objetivo de garantir a segurança dos povos indígenas em seus territórios. A Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, que deveria ter cerca de 12 mil hectares, teve seu processo de demarcação iniciado em 2011 e desde então enfrenta entraves judiciais.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul destacou a necessidade de encontrar soluções para garantir a segurança jurídica no campo, considerando que as áreas já demarcadas como territórios indígenas geram insegurança para os produtores rurais. O presidente da entidade ressaltou a importância de resolver conflitos históricos de forma justa e equilibrada, sem criar novas injustiças.
Diante desse contexto complexo e delicado, a ministra Sonia Guajajara reforçou o compromisso do governo federal em buscar soluções pacíficas e justas para os conflitos fundiários no Mato Grosso do Sul e em todo o país, visando garantir a segurança e a integridade dos povos indígenas em seus territórios tradicionais.
Com informações da EBC
Fotos: © Frame/Canal Gov / EBC
