Uma recente pesquisa realizada pela Abrasel revela um panorama preocupante para micro e pequenas empresas do setor de alimentação, especialmente para os Microempreendedores Individuais (MEIs) e microempresas que faturam até R$ 360 mil por ano. Estes negócios, que são responsáveis por aproximadamente 89% do setor, enfrentam grandes desafios em 2025, como endividamento, baixa lucratividade e dificuldades para acessar crédito.
No levantamento, que ouviu 2.565 empreendedores em julho, foi constatado que a inadimplência é um dos principais problemas. Entre as microempresas, 44% estão com pagamentos em atraso, percentual que supera em muito a média nacional de 37%. Além disso, uma quantidade significativa, 42%, não conseguiu repassar os aumentos de custos aos preços dos cardápios, em comparação com 37% da média geral. Essa pressão econômica limita a capacidade de lucro, já que apenas 32,5% dessas empresas conseguiram registrar qualquer lucro no mês de junho de 2025.
A situação dos MEIs é ainda mais alarmante: 42,6% enfrentam dificuldades para ajustar seus preços e 36,5% estão inadimplentes. Em contrapartida, empresas com faturamento superior a R$ 4,8 milhões parecem estar em uma posição muito mais favorável, com 61% registrando lucro e apenas 15% reportando prejuízos.
O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, destacou a urgência de políticas públicas que apoiem os pequenos negócios, defendendo que as microempresas e MEIs são fundamentais para a economia, mas enfrentam vulnerabilidades que precisam ser abordadas, especialmente em um cenário de juros elevados. Ele enfatizou que essa realidade dificulta o acesso a capital de giro, crucial para a sobrevivência e operação desses empreendimentos.
A pesquisa também mostrou que, entre os distintos tipos de estabelecimentos, restaurantes tendem a ter um desempenho financeiro superior, com 41% reportando lucro, enquanto bares e lanchonetes enfrentam maiores dificuldades, especialmente em relação à inadimplência. Os bares, por exemplo, apresentam 43% de inadimplência, destacando-se como o segmento mais afetado.
O estudo revela não apenas a crise financeira que enfrenta a maioria dos pequenos negócios, mas também a complexidade das demandas que esses empreendimentos necessitam para prosperar. Solmucci chamou atenção para a necessidade de políticas que contemplem as diversas realidades enfrentadas por esses pequenos empreendedores.
Com informações e fotos da Abrasel/BR