A inflação no setor de alimentação fora do lar tem se mantido abaixo da alta dos produtos básicos ao consumidor, com uma diferença significativa em alguns casos, como no do café, que chega a 40 pontos percentuais. De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo IBGE, a variação de preços em janeiro foi de 0,16%, a menor desde a implantação do Plano Real. No entanto, os custos dos insumos continuam pressionando o setor de alimentação.
A inflação para a alimentação no domicílio teve um aumento de 1,07%, enquanto a alimentação fora do lar registrou uma alta de 0,67%, mostrando que bares e restaurantes estão absorvendo parte dos aumentos de custo para evitar repassar diretamente aos consumidores. No acumulado dos últimos 12 meses, essa diferença se acentua, com um aumento de 7,45% para a alimentação em casa e de 6,74% para a alimentação fora do lar.
Dentro do segmento de refeições fora do lar, os lanches tiveram um aumento de 8,23%, superando a inflação geral do setor, enquanto as refeições completas registraram uma variação menor, de 6,13%. Os preços nos bares e restaurantes refletem a dificuldade do setor, que opera com margens reduzidas e precisa manter a atratividade para os consumidores.
Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), 26% dos empresários não conseguiram reajustar seus cardápios nos últimos 12 meses, enquanto 63% fizeram reajustes abaixo ou apenas acompanhando a inflação. O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, destaca que o setor está segurando os preços para não perder clientes, mas que essa estratégia tem um limite, pois os custos operacionais seguem crescendo e a margem de lucro de muitos negócios já está comprometida.
Um dos exemplos mais claros da dificuldade de repassar a inflação é o caso do café, cujo preço nos bares e restaurantes subiu 2,71% em janeiro, enquanto nos supermercados a alta foi de 8,56%. Nos últimos 12 meses, a inflação do café servido fora de casa foi de 10,49%, bem abaixo do registrado nos supermercados, que chegou a 50,35%. A expectativa para os próximos meses é de que o setor de alimentação continue enfrentando desafios, mantendo os preços abaixo da inflação dos insumos e buscando equilibrar a necessidade de reajustes com a retenção de clientes.
Com informações e fotos da Abrasel/BR