O crescimento das apostas esportivas no Brasil tem provocado transformações significativas, especialmente no setor de alimentação fora do lar, refletindo impactos tanto econômicos quanto sociais. Um levantamento recente revelou que a frequência de consumidores nos bares e restaurantes diminuiu, com a porcentagem de apostadores que deixaram de frequentar esses estabelecimentos aumentando de 24,8% em 2024 para 28,5% em 2025. Essa elevação na participação de apostadores ressalta as mudanças no comportamento dos clientes, que parecem influenciadas por um aumento nas apostas online, cujo acesso diário cresceu 23% após a regulamentação das casas de apostas em janeiro deste ano.
Dados corroboram que as apostas estão se tornando uma constante na vida digital dos brasileiros, ocupando a segunda posição em acessos na internet, atrás apenas do Google. Essa realidade não se limita apenas ao universo dos consumidores: empreendedores estão enfrentando desafios significativos com a queda na produtividade dos funcionários. Muitos deles relatam que seus empregados, afetados tanto emocional quanto financeiramente por perdas em apostas, apresentam uma queda de rendimento, criando um ciclo vicioso que compromete a eficácia e a estabilidade do trabalho.
Um ponto alarmante é que a demografia dos apostadores se sobrepõe à força de trabalho do setor, predominantemente composta por jovens entre 21 e 35 anos. Cerca de 49% dos apostadores pertencem a grupos de menor renda, destacando o perigo do comportamento compulsivo. A ilusão de sucesso e controle proporcionada pelas apostas é capaz de agravar vulnerabilidades emocionais, levando ao surgimento de quadros de ludopatia, uma condição reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Além do impacto financeiro, a popularização das apostas propaga uma noção errônea de enriquecimento rápido que desestimula a busca por educação e estabilidade profissional. Um estudo recente apontou que 90% dos empresários enfrentam dificuldades na contratação de novos funcionários, muitas vezes em função da escassez de profissionais qualificados e da apatia em relação às oportunidades disponíveis.
Relatos de situações extremas, como a de um funcionário que recorreu ao roubo para suprir suas perdas nas apostas, evidenciam a gravidade da questão. Tal circunstância não apenas refleja a fragilidade emocional, mas também levanta preocupações sobre a saúde mental dos trabalhadores. Especialistas apontam que a dependência das apostas pode resultar em exaustão mental, prejudicando tarefas do cotidiano e a atenção necessária no ambiente de trabalho.
Diante desse cenário preocupante, é essencial que haja uma regulação eficaz das apostas online, promovendo um uso consciente e responsável dessas plataformas. Tal abordagem deve considerar os impactos sociais e econômicos gerados nas comunidades e no mercado de trabalho, assegurando assim a saúde financeira e emocional dos trabalhadores e empresários do setor.
Com informações e fotos da Abrasel/BR