Os hospitais filantrópicos desempenham um papel fundamental no sistema de saúde brasileiro, sendo responsáveis por uma parcela significativa das internações de alta complexidade. De acordo com dados recentes da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), em 2023, essas instituições realizaram 61,33% das internações com esse perfil, superando tanto a rede pública, com 27,94%, quanto a rede privada, com 10,73%.
No total, existem 1.814 hospitais filantrópicos no Brasil, que disponibilizam 184.328 leitos, dos quais 129.650 são destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Essas estruturas hospitalares desempenham um papel vital em cerca de 800 municípios brasileiros, onde são responsáveis por toda a assistência hospitalar, garantindo empregos para mais de 1 milhão de pessoas.
Além das internações de alta complexidade, os hospitais filantrópicos também se destacam em outras áreas da saúde. Em 2023, realizaram 67% dos atendimentos de oncologia, 65% das cirurgias de cardiologia e 60% das cirurgias eletivas de alta complexidade. Além disso, essas instituições foram responsáveis por quase 70% dos procedimentos de transplantes de órgãos, 68% dos transplantes de medula óssea e 62% dos transplantes de tecidos e células no mesmo período.
O presidente da CMB, Mirocles Véras, ressaltou a importância desses números, destacando que os hospitais filantrópicos são essenciais para o funcionamento do SUS e para a prestação de cuidados de saúde à população. No entanto, ele ressaltou que as instituições enfrentam desafios financeiros, principalmente devido à defasagem da tabela do SUS, que resulta em subfinanciamento.
Para garantir a sustentabilidade dos hospitais filantrópicos, a CMB tem buscado maneiras de complementar os recursos necessários por meio de doações, emendas parlamentares e empréstimos bancários. Além disso, a entidade tem se dedicado a qualificar a rede hospitalar, promovendo parcerias com universidades para oferecer cursos de especialização e doutorado a seus profissionais.
A recente sanção da Lei nº 14.820/24, que prevê a revisão anual dos valores de remuneração dos serviços prestados ao SUS, representa um avanço significativo para as instituições filantrópicas. A regulamentação desta lei é aguardada com expectativa, pois, segundo Véras, uma melhor remuneração permitiria aumentar o número de atendimentos, ampliar a capacidade de atendimento, adquirir equipamentos e melhorar a infraestrutura das instituições.
Em resumo, os hospitais filantrópicos desempenham um papel crucial no sistema de saúde do país, atendendo milhões de brasileiros e proporcionando cuidados de alta qualidade, apesar dos desafios enfrentados. A busca por soluções financeiras e a atuação constante na melhoria dos serviços são essenciais para garantir a continuidade e o fortalecimento dessas instituições no cuidado com a saúde da população.
Com informações da EBC
Fotos: © Fernando Frazão/Agência Brasil / EBC
