A segurança pública se torna um desafio diário para milhões de pessoas que residem na Grande Rio. Um estudo realizado pelo Instituto Fogo Cruzado revelou que a região registra uma média impressionante de 17 confrontos por dia, totalizando 38.271 disputas em um período de sete anos. Esses dados alarmantes ressaltam a necessidade de políticas públicas eficientes e embasadas em evidências para lidar com a violência urbana.
De acordo com Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, a análise do estudo “Grande Rio sob Disputa: Mapeamento dos Confrontos por Território” aponta para a importância de compreender a realidade enfrentada e direcionar recursos de forma estratégica. A presença policial é um elemento significativo nos confrontos, sendo evidenciado que quase metade das disputas mapeadas contavam com a presença das forças de segurança.
Apesar da gravidade dos números, a pesquisa mostrou que mais da metade dos bairros não são afetados por ocorrências desse tipo. Nos locais em que os confrontos são registrados, a maioria deles trata-se de violências episódicas e de baixa intensidade. A atuação policial indiscriminada em áreas com baixa regularidade de conflitos pode agravar a situação e acabar se tornando parte do problema em vez de da solução.
Além disso, o estudo revelou que a distribuição dos confrontos não é uniforme, havendo uma concentração em determinadas áreas. Territórios dominados pelo tráfico de drogas apresentaram um maior número de confrontos com a presença policial, em comparação com áreas controladas pela milícia. Essas disparidades refletem um padrão de desigualdade e exigem uma abordagem mais pontual e eficaz por parte das autoridades competentes.
A pesquisa também apontou para a importância de compreender as dinâmicas de expansão dos grupos armados na região. O Comando Vermelho, embora seja o que mais conquista territórios, também é o que mais perde. A presença policial tende a ser mais intensa em áreas dominadas pelo tráfico do que em locais controlados pela milícia, revelando um viés na atuação das forças de segurança.
Portanto, a coleta e análise de dados detalhados sobre os confrontos na Grande Rio são essenciais para o desenvolvimento de estratégias de segurança pública eficazes e direcionadas. A compreensão das dinâmicas dos grupos armados, o monitoramento das áreas mais afetadas e a implementação de políticas embasadas em evidências são passos fundamentais para lidar com a violência e promover a segurança da população local.
Com informações da EBC
Fotos: © Tânia Regô/Agência Brasil / EBC