No último domingo (30), os eleitores franceses participaram do primeiro turno das eleições legislativas e, segundo os dados do Ministério do Interior, a participação foi uma das maiores das últimas décadas, com cerca de 66,71% de comparecimento. Essa alta participação demonstra o grande interesse da população no pleito, que terá seu segundo turno no próximo domingo (7).
Nas eleições legislativas na França, os eleitores escolhem os 577 deputados que compõem a Assembleia Nacional, órgão responsável por criar e modificar leis nacionais e fiscalizar as ações do governo federal. O mandato de um deputado tem duração de cinco anos, podendo ser interrompido pela dissolução da Assembleia Nacional, como ocorreu este ano.
Em junho, o presidente Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional e antecipou a eleição, originalmente prevista para 2027. Essa decisão veio após o resultado das eleições europeias, que evidenciou o avanço de candidatos de extrema-direita. Macron considerou os resultados uma ameaça a seu governo e optou por adiantar o pleito.
No primeiro turno das eleições, o partido de extrema-direita liderado por Marine Le Pen conquistou 29,25% dos votos, seguido por uma coalizão de partidos de esquerda com 27,99% e o partido de Macron com 20,04%. Com esses resultados, os três partidos obtiveram um total de 37, 32 e 2 assentos, respectivamente, para a futura legislatura.
Apesar do bom desempenho da extrema direita no primeiro turno, apenas 76 candidatos conseguiram se eleger de imediato, o que deixa 501 assentos em disputa para o segundo turno das eleições legislativas. Com isso, ainda não é possível prever a composição final da Assembleia Nacional.
O especialista em política francesa da Universidade de Brasília destacou algumas particularidades do sistema eleitoral francês, em que cada circunscrição elege um representante que obtiver maioria absoluta. Caso contrário, os candidatos com mais votos e os que alcançarem pelo menos 12,5% seguem para um segundo turno.
Com a possibilidade da extrema-direita conquistar a maioria no segundo turno, mudanças significativas podem ocorrer na França, incluindo a formação do primeiro governo diretamente eurocético do país. Essa situação teria impactos não apenas na União Europeia, mas também em países como o Brasil, especialmente em questões ambientais e acordos comerciais.
Portanto, as eleições legislativas na França estão longe de concluídas, e a composição final da Assembleia Nacional dependerá do resultado do segundo turno e das negociações políticas que se seguirão.
Com informações da EBC
Fotos: © Abdul Saboor / EBC