A exposição do Museu do Ipiranga, denominada “Sentar, Guardar e Dormir”, lançada a partir do dia 11 de junho, revela a evolução do mobiliário no Brasil ao longo dos séculos. Destacando objetos cotidianos que foram utilizados por figuras históricas importantes, como um guarda-roupa de Alberto Santos Dumont e uma cama da Marquesa de Santos, a mostra busca evidenciar as diversas formas de moradia e as influências culturais que moldaram o design dos móveis brasileiros.
A curadoria da exposição, composta por Maria Aparecida de Menezes Borrego, Paulo César Garcez Marins e Giancarlo Latorraca, reuniu 164 peças que abrangem desde bancos e cadeiras até camas e caixas, algumas datando de mais de 400 anos atrás. Dividida em três núcleos principais – Sentar, Guardar e Dormir – a exposição traça um panorama histórico do mobiliário no país, mostrando como as necessidades básicas de sentar, guardar e dormir foram supridas ao longo do tempo.
No núcleo “Sentar”, por exemplo, são apresentados diferentes tipos de assentos que revelam a evolução dos costumes de sociabilidade e os padrões de uso dos móveis nas residências brasileiras. A curadora destaca a transição do uso de cadeiras, predominantemente por homens proprietários das casas, para a inclusão das mulheres nos espaços de sentar a partir do século XIX, com a introdução de sofás e canapés.
O segundo núcleo, “Guardar”, expõe móveis destinados ao armazenamento de roupas, documentos e objetos de valor, como caixas, cômodas e guarda-roupas, demonstrando a preocupação em preservar e proteger os pertences pessoais ao longo da história. Já o terceiro módulo, “Dormir”, evidencia as diferentes práticas de descanso adotadas no Brasil, desde redes indígenas até camas de solteiro, marcando a transição da produção artesanal para a fabricação em série das camas.
A exposição também destaca a importância dos museus na preservação da memória e na valorização da cultura material, além de ressaltar a diversidade social e cultural do país por meio dos objetos expostos. Apesar de algumas lacunas na representatividade do mobiliário, a curadora ressalta a presença da mão de obra negra na confecção dos móveis, evidenciando a contribuição histórica desse grupo na produção artesanal.
A mostra, que ficará em cartaz até 29 de setembro, é acessível e oferece recursos multissensoriais para os visitantes, permitindo uma experiência mais imersiva e tátil. Além disso, os curadores realizarão uma apresentação sobre os móveis expostos no dia 29 de junho, enriquecendo o contexto histórico da exposição.
Em suma, a exposição “Sentar, Guardar e Dormir” do Museu do Ipiranga representa uma oportunidade única para conhecer e refletir sobre a evolução do mobiliário no Brasil, desde as práticas cotidianas até as transformações sociais e culturais que influenciaram o design dos objetos domésticos ao longo dos séculos. Uma verdadeira viagem no tempo através dos móveis que testemunham a história e a vida de seus usuários.
Com informações da EBC
Fotos: © Paulo Pinto/Agência Brasil / EBC