O empreendedorismo negro tem se mostrado um motor significativo da economia brasileira, destacando-se especialmente nos setores de alimentação e hospitalidade. Atualmente, mais de 16 milhões de empreendedores autodeclarados negros e pardos estão ativos no Brasil, refletindo um crescimento notável de 22,1% nos últimos dez anos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que essa população representa aproximadamente 55,5% da totalidade do país, que possui cerca de 213 milhões de habitantes. Entre os negócios, os bares e restaurantes têm emergido como uma das principais frentes, não apenas contribuindo para o desenvolvimento econômico, mas também promovendo a diversidade e gerando empregos.
O setor de alimentação fora do lar, em particular, se destaca pelos altos índices de participação de empreendedores negros. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae evidenciou que 52,7% dos proprietários de pequenos negócios neste ramo são pretos ou pardos. O potencial desse segmento é imenso, com 1,5 milhão de estabelecimentos registrados na Receita Federal, dos quais a grande maioria pertence a esses empreendedores, subtentendo toda uma cadeia de geração de renda e empregos.
Histórias inspiradoras emergem desse contexto. Janine Gonçalves e Thalita Mariana, fundadoras da Casa Mojubá em Belo Horizonte, são exemplos de como a gastronomia pode resgatar a ancestralidade cultural. Elas fundaram seu estabelecimento com o intuito de valorizar e dar visibilidade à culinária afro-mineira. Janine destaca a importância de oferecer oportunidades para que negros e pardos se tornem empreendedores, enfatizando que empreender significa também redefinir a distribuição de oportunidades e promover a cultura afro-brasileira, que merece estar em evidência.
No Maranhão, José Ferreira, que costumava trabalhar na área de turismo, mudou de rumo ao abrir o Negro BBQ, um negócio focado em churrasco. Ele enfrentou o desafio do financiamento, mas, com gestão responsável, conseguiu estruturar sua empresa, que agora emprega majoritariamente pessoas negras. José acredita na relevância de incentivar o empoderamento através do empreendedorismo, promovendo um ambiente inclusivo.
Prince Oliveira, que coordena o Núcleo Abrasel em Florianópolis, complementa essa visão, ressaltando que a presença de empresários negros em posições de liderança é vital. Para ela, é crucial que as pessoas negras se vejam como empresárias de sucesso, quebrando estigmas e buscando autonomia financeira. Oliveira relatou como o processo de se perceber como empresária envolveu uma jornada de reconstrução da autoestima, reforçando a necessidade de visibilidade e liderança entre negros no mundo dos negócios.
A conexão entre esses empreendedores vai além dos negócios próprios; eles criam redes de apoio mútua, colaborando para o fortalecimento da economia local e desafiando o status quo. A revolução do empreendedorismo negro não se limita a abrir novos negócios, mas sim a um movimento que visa empoderar comunidades e fomentar uma sociedade mais justa e igualitária. A inclusão e a representatividade são estratégias fundamentais para garantir que a cultura e identidade afro-brasileira ganhem o respeito e a visibilidade que merecem.
Esse panorama evidencia que o apoio ao empreendedorismo negro, principalmente no setor de alimentação, é uma questão de grande relevância. O incentivo à capacitação, além de políticas públicas que reconheçam e atuem sobre as desigualdades raciais, são passos essenciais para promover um futuro mais equilibrado e inclusivo.
Com informações e fotos da Abrasel/BR













