A crise diplomática entre Honduras e os Estados Unidos, motivada pela posição do país centro-americano em reconhecer a vitória de Nicolás Maduro na Venezuela, tem gerado tensões e atritos entre as nações envolvidas. A reeleição controversa de Maduro é questionada por Washington, que reconhece o opositor venezuelano Edmundo González como o vencedor legítimo das eleições.
Essa discordância de posicionamentos culminou na decisão do governo hondurenho de encerrar um acordo de extradição com os Estados Unidos, como forma de marcar sua posição em relação à questão venezuelana. Em um gesto que desagradou os norte-americanos, os ministros da Defesa de Honduras e da Venezuela se reuniram, o que foi visto com desconfiança pela embaixadora dos Estados Unidos em Honduras, Laura F. Dogu.
A presidente de Honduras, Xiomara Castro de Zelaya, não poupou críticas à postura intervencionista dos Estados Unidos e defendeu a soberania e autodeterminação de seu país. Ela condenou a interferência externa na política hondurenha e acusou os EUA de violarem o direito internacional com suas atitudes. Além disso, Xiomara manifestou preocupação com as tentativas de influência estrangeira nas eleições presidenciais hondurenhas.
As relações conflituosas entre Honduras e os Estados Unidos remontam a 2009, quando o presidente Manuel Zelaya foi deposto em um golpe militar que teve o apoio dos norte-americanos. Esse episódio, somado ao histórico de alianças de Zelaya com governos tidos como hostis pelos EUA, como Venezuela e Cuba, gerou desconfiança e desentendimentos entre as partes.
Ao anunciar a convocação de uma Assembleia Constituinte em 2009, Zelaya desagradou os setores militares e políticos alinhados aos interesses norte-americanos, o que culminou em sua deposição e exílio. Atualmente, a nova presidenta de Honduras, Xiomara Castro, esposa de Manuel Zelaya, busca fortalecer as relações com países latino-americanos e caribenhos, em contraposição aos interesses dos Estados Unidos na região.
Diante desse panorama, a decisão de Honduras em se posicionar ao lado da Venezuela e questionar a influência dos Estados Unidos em seus assuntos internos reflete um movimento de busca por autonomia e independência na condução de sua política externa. A crise diplomática desencadeada por esses atritos demonstra a complexidade das relações internacionais na América Latina e os desafios enfrentados pelos países da região em momentos de tensão e instabilidade política.
Com informações da EBC
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