Em junho de 2024, as contas externas do Brasil registraram um saldo negativo de US$ 4,029 bilhões, conforme dados do Banco Central. Essa queda representa uma piora em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o déficit havia sido de apenas US$ 182 milhões nas transações correntes, que englobam compras e vendas de mercadorias, serviços e transferências de renda com outros países.
Essa deterioração no cenário é atribuída principalmente à redução no superávit comercial de US$ 3,3 bilhões, devido à diminuição no valor das exportações. Além disso, os déficits nos setores de serviços e renda primária aumentaram em US$ 399 milhões e US$ 46 milhões, respectivamente. O superávit da renda secundária também foi reduzido em US$ 148 milhões.
Nos últimos 12 meses encerrados em junho, o déficit em transações correntes totalizou US$ 31,453 bilhões, correspondente a 1,41% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve uma diminuição nesse déficit. Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, as transações correntes vinham apresentando uma tendência de redução nos déficits em 12 meses, porém essa trajetória se inverteu a partir de março deste ano.
Apesar do déficit externo, ele é considerado baixo para os padrões da economia brasileira e está sendo financiado por capitais de longo prazo, especialmente pelos investimentos diretos no país. Em junho de 2024, os investimentos diretos atingiram US$ 6,269 bilhões, o melhor resultado desde junho de 2013. Esses números indicam uma estabilidade e uma garantia na balança comercial brasileira.
No acumulado do primeiro semestre de 2024, o déficit nas transações correntes alcançou US$ 18,691 bilhões, em contraste com o déficit de US$ 8,983 bilhões no mesmo período do ano anterior. Esse resultado é explicado pela redução do superávit comercial e, sobretudo, pelo aumento do déficit na conta de serviços.
De acordo com Rocha, desde o ano passado, os serviços têm desempenhado um papel fundamental no cenário das transações correntes e na dinâmica da economia brasileira. Além disso, o chefe do Departamento de Estatísticas destaca a importância dos investimentos estrangeiros diretos como uma forma de financiamento para o déficit nas contas externas, devido ao seu caráter de longo prazo e qualidade nos fluxos de capital.
Em resumo, apesar do saldo negativo nas contas externas em junho, o Brasil tem conseguido se manter estável e financeiramente sustentável, principalmente devido aos investimentos diretos e à diversificação nos setores de exportação e serviços. A revisão metodológica nas estatísticas do setor externo também contribui para uma maior transparência e precisão nos dados apresentados, refletindo as mudanças e o dinamismo da economia global.
Com informações da EBC
Fotos: © Marcello Casal / EBC