A gestão de atestados médicos continua a ser um desafio significativo para o setor de alimentação fora do lar no Brasil. Recentemente, uma pesquisa realizada pela Abrasel revelou que cerca de 29% dos estabelecimentos enfrentam a entrega de um ou dois atestados médios por semana, refletindo uma preocupação crescente entre os empresários. Esse fenômeno, que é mais recorrente do que se imagina, não apenas prejudica a operação diária dos negócios, mas também levanta questionamentos sobre a veracidade e a frequência dos documentos apresentados pelos colaboradores.
O estudo aponta que, embora a maioria dos atestados diga respeito a ausências curtas – 63% deles com duração de até dois dias –, os empresários demonstram uma desconfiança substancial quanto à procedência dos mesmos. De acordo com a pesquisa, impressionantes 82% dos respondentes já passaram pelo desconforto de desconfiar das justificativas médicas apresentadas. Essa conjuntura é desafiadora, especialmente em um ramo marcado pela alta rotatividade de pessoal e pela dificuldade em repor rapidamente a equipe.
Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, afirma que, embora os empresários não questionem o direito ao afastamento em casos legítimos, a frequência elevada de atestados e a ausência de critérios claros para sua aceitação geram um peso considerável nas operações. Praticamente 94% dos empresários entrevistados relatam que as entregas repetidas de atestados impactam diretamente a carga de trabalho das equipes, sobrecarregando-as e dificultando a reestruturação do quadro de funcionários em horários críticos.
Como forma de mitigar esses efeitos, muitos empresários adotaram diferentes estratégias ao lidar com atestados considerados atípicos. Verificações quanto à autenticidade dos documentos, como checar o registro do médico emitente no Conselho Regional de Medicina (CRM), são medidas comuns, seguidas por um acompanhamento junto à unidade de saúde que emitiu o atestado. Quando há evidências de irregularidade, os empresários podem optar por ações severas, como demissão por justa causa ou advertências formais.
O debate acerca da validação de atestados médicos tem se intensificado, especialmente com rumores de que, em futuro próximo, apenas atestados digitais emitidos por plataformas específicas seriam aceitos. No entanto, essa proposta não é concreta e gera controvérsia, uma vez que limita o acesso da população aos serviços médicos. Algumas iniciativas locais, como as implementadas em cidades de Minas Gerais e Paraná, buscam organizar a aprovação de atestados sem restringir o acesso à saúde. Estas ações foram vistas como um caminho equilibrado para abordar as questões relacionadas à emissão excessiva de documentos, enfrentando as irregularidades na raiz do problema. Em suma, a gestão de atestados médicos requer uma abordagem cuidadosa que considere tanto as necessidades dos empresários quanto os direitos dos trabalhadores.
Com informações e fotos da Abrasel/BR
