A nova cultivar de amoreira-preta sem espinhos desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético da Embrapa, a BRS Karajá, tem se destacado como a melhor opção entre as cultivares disponíveis no mercado. Com um ciclo antecipado em relação às outras cultivares, como a Tupy, que é a mais plantada no Brasil, a BRS Karajá se adapta bem às condições das Regiões Sul e Sudeste do País.
Uma das principais vantagens da BRS Karajá é a ausência de espinhos, o que torna a colheita mais ágil e preserva a qualidade do fruto, além de facilitar o trabalho dos agricultores. Esta cultivar é indicada tanto para o mercado industrial quanto para a venda in natura, apresentando um potencial produtivo que varia de 1,4 kg/planta a 2,5 kg/planta.
Além disso, a BRS Karajá traz um aumento significativo da eficiência da colheita e da poda em pelo menos 30%, em comparação com as cultivares com espinhos. Isso resulta em menos tempo necessário para os tratos culturais, redução da penosidade do trabalho e maior disponibilidade de mão de obra para o manejo da cultura. Vale ressaltar que o fruto desta cultivar possui um sabor menos amargo em comparação às outras cultivares sem espinhos lançadas anteriormente.
A pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira, coordenadora do programa de melhoramento genético em amoreira-preta da Embrapa Clima Temperado, destaca que a BRS Karajá se destaca também pela sua baixa acidez e menor amargor, o que a torna mais atrativa para o mercado em comparação com a cultivar BRS Xavante. Esta nova amora é indicada para congelamento, processamento ou consumo fresco, sendo ainda mais procurada para o mercado de frutas destinadas à indústria.
O registro da BRS Karajá foi realizado em março de 2023 no Ministério da Agricultura, e o seu lançamento oficial está previsto para o dia 29 de agosto, durante a 47ª Expointer, em Esteio (RS). Os interessados poderão adquirir mudas desta cultivar nos viveiros licenciados localizados em Pelotas (RS) e Ipuiuna (MG). Em um ano de cultivo, os produtores já poderão colher as primeiras frutas da BRS Karajá, aproveitando os benefícios de uma cultivar sem espinhos que facilita as atividades fitotécnicas do pomar.
A produção de amora no Brasil tem crescido nos últimos anos, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde os principais estados produtores estão localizados. Com um melhoramento genético em andamento desde o final dos anos 1970, o país agora conta com dez cultivares nacionais adaptadas às condições brasileiras, atendendo às demandas dos agricultores e do mercado.
A BRS Karajá é o resultado de um cruzamento entre as cultivares norte-americanas Brazos e Arapaho, promovido em 2003. Suas plantas possuem crescimento ereto, sem espinhos nas hastes primárias e secundárias, com início de floração em setembro e colheita que se estende de novembro a dezembro. Em condições experimentais, a produção média da BRS Karajá foi de 2,73 kg por planta nos três primeiros anos, evidenciando o seu potencial produtivo.
Dessa forma, a BRS Karajá surge como uma opção promissora para os produtores de amora no Brasil, oferecendo uma cultivar sem espinhos que facilita a colheita e a poda, com frutos de excelente qualidade e sabor. Com a disponibilidade de mudas e o interesse crescente pelo mercado de frutas destinadas à indústria, a BRS Karajá promete impulsionar ainda mais a produção de amora no país.
Com informações da Embrapa
Fotos: Foto: Rodrigo Franzon / Embrapa