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Alagoas, o Etanol Começou Aqui: 100 Anos do Combustível que Transformou a Matriz Energética do Brasil

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Propaganda do álcool combustível USGA em 1928
Propaganda do álcool combustível USGA em 1928.Etanol em Alagoas

Em 2024, o Brasil celebra um marco centenário que mudou a história da energia renovável: 100 anos do etanol como combustível. Essa jornada, que projetou o país como referência global em biocombustíveis, começou em um local específico, carregado de pioneirismo e inovação: O Etanol começou em Alagoas.

Usina Serra Grande: o berço de uma revolução energética

Foi em 1924, na Usina Serra Grande, em São José da Laje, localizada na região da zona da mata alagoana, que o engenheiro químico Salvador Pereira de Lyra realizou as primeiras experiências bem-sucedidas com etanol como combustível automotivo. Na época, a usina já era reconhecida como um polo de inovação tecnológica, tendo importado equipamentos e conhecimento técnico da Alemanha para estabelecer a primeira destilaria dedicada à produção do biocombustível no estado.

Essas pesquisas resultaram no desenvolvimento do USGA, um combustível inovador composto de etanol, éter e óleo de mamona, responsável por neutralizar os efeitos corrosivos do álcool. Lançado em 1927, o USGA rapidamente ganhou notoriedade pela eficiência em motores adaptados e pelo preço competitivo, até 50% mais barato que a gasolina importada dos Estados Unidos.

Usina Serra Grande, símbolo do etanol em Alagoas, pioneira no Brasil em biocombustíveis.
Salvador Lyra fez história com seu protagonismo no etanol no Brasil

A primeira rede de combustíveis nacional

Alagoas também foi pioneira na criação de uma rede de distribuição de combustíveis nacionais. A Usina Serra Grande instalou postos em cidades como Maceió, Recife e Garanhuns, permitindo que o USGA abastecesse veículos em todo o Nordeste. A primeira bomba de combustível do Brasil, na Praça da Independência, em Recife, foi inaugurada em 1927, marcando o início de uma nova era para a mobilidade no país.

A popularidade do USGA foi tamanha que, em 1929, mais de 500 automóveis em Recife utilizavam o combustível diariamente, consumindo cerca de 450 mil litros por mês. Esse protagonismo colocou Alagoas em evidência nacional e possibilitou novas expansões na Usina Serra Grande, transformando-a em um dos maiores centros de produção do Nordeste.

Resiliência e legado

Apesar dos desafios enfrentados pela competição com a gasolina e as oscilações econômicas, o etanol alagoano sobreviveu a crises, racionamentos e resistências políticas. Durante a Segunda Guerra Mundial, o álcool voltou a ganhar relevância como alternativa à gasolina racionada, consolidando o papel estratégico do biocombustível.

Nas décadas seguintes, a experiência alagoana inspirou programas nacionais, como o Proálcool, criado em 1975 durante a crise do petróleo, que incentivou a produção de etanol em larga escala. Atualmente, mais de 80% dos veículos vendidos no Brasil são flex-fuel, uma tecnologia que só foi possível graças ao pioneirismo de estados como Alagoas.

Alagoas hoje: inovação e sustentabilidade

Hoje, Alagoas continua a ser uma potência no setor de energia renovável, com 15 usinas em operação e uma produção anual de mais de 600 milhões de litros de etanol. O estado é referência na adoção de tecnologias de segunda geração, utilizando resíduos agrícolas para a produção de biocombustíveis, e segue investindo em novas matrizes, como o uso de milho e sorgo.

Futuro do Etanol

Olhando para o futuro, o etanol continua sendo peça-chave na busca por soluções energéticas inovadoras. Uma das mais promissoras é a produção de hidrogênio renovável a partir do etanol, uma tecnologia que combina sustentabilidade com eficiência energética.

O hidrogênio, considerado o “combustível do futuro”, pode ser obtido a partir do etanol em um processo que gera emissões muito menores do que as fontes tradicionais. Esse avanço promete transformar ainda mais o papel do etanol no Brasil e no mundo, especialmente no contexto de uma economia global que busca a descarbonização.

Alagoas, que já foi pioneira na criação do etanol como combustível nacional, tem o potencial de liderar novamente, agora na produção de hidrogênio renovável. Com usinas preparadas para adotar novas tecnologias e uma cadeia produtiva sólida, o estado pode se tornar um dos principais polos dessa nova matriz energética.

Um marco alagoano, um impacto global

O impacto do etanol, iniciado em Alagoas, transcendeu fronteiras. Em 100 anos, o Brasil evitou a emissão de mais de 1 bilhão de toneladas de CO2, substituindo 3,6 bilhões de barris de gasolina por etanol. Esses números representam uma revolução energética que começou em São José da Laje, liderada por Salvador Lyra e outros visionários alagoanos.

Alagoas não é apenas parte dessa história; Alagoas é onde ela começou. Cem anos depois, o estado continua sendo um símbolo de inovação, sustentabilidade e impacto global, provando que grandes revoluções podem nascer de pequenas iniciativas com visão e coragem.

Por Arthur Goes, MCO

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