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Juros nas alturas elevam dívidas das famílias e derrubam vendas do varejo | José Osmando

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A insistência com que o Conselho de Política Monetária do Banco Central (COPOM) mantém os juros Selic nos mais altos níveis  desde julho de 2006 (quando estiveram em R$ 15,25%), está fazendo os estragos que o bom senso indicava que aconteceria. 

Atualmente em 15% ao ano desde o último mês de  setembro, após terem caído para 10,5% em maio do ano passado, essas taxas exorbitantes, que não condizem com indicadores positivos da economia, estão empurrando muitos negócios para a paralisação.

Como é a mãe das demais taxas de juros, dando ao sistema financeiro, a todos os demais bancos, a cartilha de cobrança sobre os empréstimos que operacionalizam, a taxa Selic tem sido o principal e determinante fator para que os bancos reduzam as ofertas de crédito e cobrem taxas sempre mais elevadas aos seus clientes, criando embaraço severo sobretudo ao comércio e prestadores de serviços.

E essa roda-vida tem sido crucial para reduzir o poder de compra das famílias, além de impulsionar o endividamento pessoal de maneira preocupante. Com o endividamento apertando em seu bolso e a capacidade de compra sendo reduzida, as famílias transferem os seus embaraços  reais para o comércio e os setores de serviços, que não têm para quem vender. Com isso, os operadores dessas áreas essenciais ao desenvolvimento nacional são forçados a reduzir produção, iniciando um processo danoso de demissão de trabalhadores, gerando-se um círculo danoso que só tem comparação com inflação muito alta.

Em março deste ano, as vendas no varejo haviam atingido o seu pico máximo, mas já em setembro, coincidindo com aumento na taxa Selic para 15%, ocorreu a primeira queda na variação mensal, o que se seguiria, da mesma forma, também no terceiro trimestre do ano.  E isso está se dando pelo peso dos juros altos, do endividamento familiar e da fuga dos brasileiros às compras, com medo de se tornarem inadimplentes.

Essa situação faz crescer a preocupação com a aproximação das vendas do tradicionais do Black Friday e do Natal, que geralmente sempre são muito elevadas e estimulantes para comércio e serviços.

 Há entre os analistas econômicos ouvidos em pesquisas setoriais, o temor de que a permanência dessa taxa elevada de juros vá levar não apenas a uma restrição acentuada de vendas, mas ao crescente endividamento por outro lado e, na consequência, a dificuldades para empresas manterem inalteradas as suas atividades. 

Há risco sério de demissões e de redução gradual, até mesmo de paralisação de muitas atividades comerciais e de serviços.

Noutro ponto, há analistas mais próximos do mercado especulativo- daqueles que ganham sem produzir, preferindo ter seu dinheiro rendendo em aplicações financeiras-, que enxergam a desaceleração da inflação e o mercado de trabalho dinâmico (com aumento do emprego e da renda do trabalhador), como um obstáculo à redução das taxas de juros Selic.

Desse modo, esses analistas contratados vão em socorro das práticas do Copom, e aplaudem a manutenção das taxas de juros em níveis sempre mais elevados. Com isso, possibilitam que os especuladores financeiros alcancem resultados líquidos sempre mais altos nas suas aplicações, mesmo que o restante da população e todos os setores produtivos paguem por essa conta que não bate com a sensatez e com a realidade brasileira.

E parece não haver saída. Mesmo com a boa notícia da isenção do Imposto de Renda para todos os trabalhadores que ganham até R$ 5 mil mensais, projetando beneficiar cerca de 14 milhões de pessoas e colocando no mercado, anualmente, algo em torno de R$ 17 bilhões, esses efeitos positivos só serão sentidos a partir de janeiro de 2026, de maneira gradual.

Assim, a expectativa é de termos um resto de ano de dificuldades e um Natal menos atrativo para os brasileiros que não estão no topo da pirâmide. E estes formam mais de 90% da população do país. Uma lástima que essa visão distorcida do Banco Central não se modifique.

Por José Osmando

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