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Inflação no Brasil segue caindo, mas isso não dá esperança de juros Selic mais baixos | José Osmando

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As informações trazidas nesta semana sobre o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), relativas ao mês de setembro, indicaram uma queda na inflação, na comparação com o mês anterior, ficando em 0,48%, seguindo o rumo do mês de agosto, quando já caíra 0,11%. Esses dados, divulgados pelo IBGE, passaram a influenciar na avaliação de analistas do mercado, que consideram em suas expectativas um melhor desempenho dos índices inflacionários, abaixo do que o mercado esperava.

A partir desse resultado sobre a inflação de setembro, várias casas importantes do sistema financeiro e até mesmo o conjunto do mercado demonstram uma certa frustração, pois esperavam que tivesse ocorrido uma maior desaceleração dos setores produtivos, o que só aconteceu pontualmente.

Um desses segmentos produtivos em que se registraram aumentos de preços foi o da construção civil, um setor importante na formação do IGP-M, respondendo por 10% desse índice, e que subiu 0,16% na primeira prévia de outubro e já alcançara uma elevação de 0,25% na primeira prévia de setembro.

Nessa composição relativa à construção civil, ganharam destaque o cimento, com aumento de 1,04%, a carpintaria, com 0,61%, as esquadrias de ferro, subindo 0,75%, e pedreiros, 0,11%. Enxerga-se aí uma contribuição nociva da taxação de 50% aos produtos brasileiros de exportação, imposta pelos Estados Unidos.

Mas o segmento de alimentação no domicílio, aquele que mais afeta diretamente o bolso das famílias, continuou registrando recuo, agora de -0,41%, quando em agosto já vinha nessa pegada e caiu -0,83%. Noutro segmento, a alimentação fora de casa, em restaurantes, caiu ainda mais, desacelerando para 0,11%, frente a 0,50% de agosto. Foram as primeiras quedas em alimentos em cinco anos, pois a última retração havia sido em agosto de 2020 (-0,56%), antes da pandemia.

Na inflação total, de janeiro a setembro de 2025, a alta é de 3,64%, e no acumulado em 12 meses o índice ficou em 5,17%, abaixo do que o mercado previa, que era uma expectativa de 5,21%.

Mesmo diante desses cenários positivos no tocante à inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, não dá sinais de que possa ser iniciada uma queda nos níveis das taxas Selic, que se sustentam há prolongados meses em 15% ao ano, figurando como as segundas mais elevadas do mundo.

O texto da ata assinada pelos integrantes do Copom na última sessão, encerrada em 17 de setembro, na qual se decidiu manter os atuais níveis, numa votação unânime, insiste que o cenário exige cautela e sugere que a política monetária deve continuar “em patamar significativamente contracionista por período bastante alongado.”

A próxima sessão do Comitê ocorrerá agora nos dias 4 e 5 de novembro, mas não há esperanças para os setores produtivos da indústria, comércio, serviços e turismo de que a Selic sofra alguma queda, até mesmo porque o Copom, na sua cartilha pós-sessão de setembro, já deu o veredicto de que “seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.”

Há aí, nesse “se é suficiente”, colocado na ata, o vislumbre de um tom ameaçador, de que a não existência de uma retração no ânimo dos setores produtivos — ou seja, a constatação de que, apesar dos pesares, a indústria e outros setores seguem sem reduções mais explícitas — constitui um sinal vermelho para que os juros não baixem, ou até mesmo voltem a subir.

No lado da realidade brasileira, na vida de produtores e trabalhadores que fazem viva a economia nacional, dois fatores estão sendo cruciais para gerar inquietação, redução de ganhos e até mesmo ameaças a paralisações setoriais e à volta do desemprego.

Em primeiro lugar, as taxas escandalosas da Selic, que levam o sistema bancário a aplicar juros insuportáveis nos seus contratos com clientes, tudo agravado pela redução da oferta de dinheiro no mercado. Em segundo lugar, a prevalência do tarifaço que Donald Trump aplicou ao Brasil, impondo 50% de tributos sobre produtos brasileiros direcionados aos Estados Unidos.

Embora a Casa Branca tenha retirado a taxação a alguns desses produtos constantes da listagem original, vários setores seguem penalizados, somando essa realidade externa à maléfica política do Banco Central de insistir em juros nas alturas.

Por José Osmando

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