Nos últimos anos, o açaí deixou de ser um produto regional, associado exclusivamente à região Norte do Brasil, e se transformou em uma verdadeira febre em todo o país, extendendo seu sucesso a nível internacional. Essa mudança no hábito de consumo está diretamente ligada ao crescimento do setor de alimentação fora do lar, exigindo adaptações nas operações dos empreendedores. O resultado é um ambiente que, embora desafiador, apresenta diversas oportunidades para inovação e expansão.
De acordo com o mais recente Relatório para Restaurantes 2024, elaborado por uma conhecida plataforma de entrega em parceria com uma renomada consultoria, o açaí agora ocupa um lugar de destaque entre as mais solicitadas nas plataformas de delivery, especialmente durante o período da tarde, quando representa uma parcela significativa dos pedidos. Este aumento no consumo é impulsionado pela crescente busca dos consumidores por opções mais saudáveis e pela agilidade que o delivery oferece, além de sua vasta popularidade em locais onde antes era pouco conhecido.
Rodrigo Melo, cofundador de uma popular rede de açaí, ressalta a necessidade de um profundo replanejamento nas operações. Com o delivery se consolidando como um canal crucial, a equipe teve que ser capacitada adequadamente, e decisões sobre embalagens e preços formam uma parte vital dessa reestruturação. Esse fenômeno reflete a nova posição do açaí na rotina alimentar dos brasileiros, que agora consomem a iguaria de forma recorrente, e não apenas em períodos específicos.
Empreendedores de diversas regiões, como Gabriel Viana em Brasília, também notam um crescimento exponencial nas vendas — acima de 200% desde que iniciaram seus negócios. No entanto, o aumento da demanda trouxe à tona desafios relacionados à contratação e treinamento de pessoal. A busca por trabalhar com uma equipe ampliada e capacitada demonstra a necessidade de adaptação constante às novas exigências do mercado.
No berço do produto, Belém, o empreendedor Mauricio Andrade Façanha observou um fenômeno curioso: o açaí lá pode ser mais caro do que em outras cidades, como São Paulo. Essa diferença de preços ocorre, em parte, porque o açaí colhido na safra é embalado e vendido fora da região, dificultando a preservação do seu consumo local artesanal. Mauricio defende que uma parte da produção deveria ser direcionada prioritariamente para o abastecimento interno, de modo a garantir que a cultura alimentar amazônica não perca seu espaço.
O relatório da plataforma de entrega aponta que o setor de restaurantes representa uma porcentagem significativa do PIB nacional e está inserido em uma dinâmica onde o delivery se torna um novo padrão. Em meio a esse crescimento, o açaí enfrenta a concorrência acirrada e a pressão por preços competitivos. Contudo, as perspectivas são positivas para aqueles que buscam traçar estratégias adequadas, diversificar canais de venda e personalizar ofertas. Especialistas destacam a importância de compreender as novas dinâmicas de consumo e de adaptar os serviços para se destacar nesse mercado em expansão.
Com informações e fotos da Abrasel/BR