No agreste de Alagoas, um projeto inovador conduzido pela Associação dos Agricultores Alternativos (AAGRA) está transformando a caprinocultura leiteira através de práticas agrícolas sustentáveis. Desde 2022, a iniciativa introduziu e intensificou técnicas de manejo agroflorestal para garantir não apenas o desenvolvimento econômico, mas também a segurança alimentar da região. Com o apoio financeiro do Fundo de Desenvolvimento Econômico, Científico, Tecnológico e de Inovação (Fundeci), patrocinado pelo Banco do Nordeste, o projeto redesenhou os sistemas produtivos em municípios como Igaci, Limoeiro de Anadia e Coité do Noia, promovendo uma integração eficiente de sistemas agroflorestais agroecológicos.
Conforme explicado por Fabiano Leite, engenheiro agrônomo e coordenador do programa, o foco principal foi diversificar as áreas produtivas. No lugar de práticas tradicionais, que dependem de insumos externos, foram introduzidos sistemas agroflorestais que combinam o cultivo de espécies vegetais variadas com a produção de alimentos e forragem para caprinos. Isso não só ampliou a funcionalidade das paisagens agrícolas, como também melhorou a fertilidade do solo, elevou a biodiversidade local e diminuiu o uso de produtos químicos e sementes geneticamente modificadas.
A partir de três unidades demonstrativas, o projeto se expandiu rapidamente para mais de dez unidades, graças ao envolvimento ativo das famílias. O modelo implementado encorajou a replicação das práticas inovadoras em outras áreas, criando um ambiente colaborativo através de mutirões e avaliação coletiva das atividades.
Entre os progressos mais notáveis está a recuperação do solo mediante o incremento da matéria orgânica e da cobertura vegetal. Conforme Leite explicou, preservar o solo com um mix diversificado de plantas favorece sua vitalidade e sustentação no longo prazo. No âmbito educacional, o projeto implementou a Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável (PEADS), promovendo cursos e oficinas voltadas para o desenvolvimento agrícola comunitário.
Com cerca de 20 famílias impactadas diretamente e efeitos indiretos em técnicos e agricultores de outras localidades, os esforços já demonstram resultados tangíveis. O crescimento na produção de leite de cabra em 2024 evidenciou o sucesso da ação, acompanhada por uma maior variedade de alimentos disponíveis para consumo local. Além disso, o projeto forneceu kits de mecanização adaptados para melhorar a eficiência dos pequenos agricultores.
Selecionada no edital do Fundeci de 2023, a iniciativa recebeu financiamento não reembolsável do Banco do Nordeste, que busca fomentar o fortalecimento regional por meio de apoio a projetos inovadores e relevantes do ponto de vista socioeconômico. Este apoio incentiva a criação e adaptação de soluções que trazem impactos positivos contínuos à área de atuação.
Com informações do Banco do Nordeste – BNB
Fotos: BNB