O trânsito urbano no Brasil representa um dos maiores desafios para a segurança pública, com índices alarmantes de mortalidade. Segundo dados recentes, o país registra entre 15 e 17 mortes anuais para cada grupo de 100 mil habitantes, posicionando-se entre as nações com os maiores índices de fatalidades nas vias. Esse panorama contrasta com o apresentado por países como Reino Unido, Estados Unidos e Japão, que possuem taxas significativamente mais baixas, em grande parte devido a seus modelos de formação de condutores.
No Brasil, a trajetória para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) requer o cumprimento de um processo padronizado que implica em formação em autoescolas, com custos que podem alcançar até R$ 4 mil, variando conforme a região. Em contrapartida, nações com melhores resultados em termos de segurança viária oferecem uma formação mais acessível e diversificada. Nos EUA e na Nova Zelândia, por exemplo, o modelo de habilitação é dividido em etapas, conhecidas como Graduated Driver Licensing (GDL). Os motoristas iniciam em fases supervisionadas que exigem a adesão a regras específicas e grado, o que resulta em níveis de mortalidade inferiores, que giram em torno de 10,8 e 6,9 por 100 mil habitantes, respectivamente.
Já no Reino Unido, o sistema permite que os candidatos aprendam com familiares ou instrutores particulares, além de proporcionarem mais liberdade no processo de aprendizagem. Para obter a licença, é necessário passar por uma série de provas teóricas e práticas, incluindo um exame que avalia a percepção de riscos, conhecido como “hazard perception”. Este método combina liberdade na formação com rigor na avaliação, culminando em uma taxa de mortalidade que permanece em torno de 2 a cada 100 mil habitantes.
A Argentina apresenta um sistema que, embora tenha pontos em comum com o brasileiro, contabiliza cerca de 13 mortes por 100 mil habitantes, inferior ao Brasil. Na Europa, países como Alemanha e Austrália também se destacam por suas abordagens rigorosas e de qualidade nos exames de habilitação, resultando em índices que variam entre 2,2 e 4,8.
Diante desse cenário, a criação de um novo modelo para o processo de habilitação no Brasil é uma necessidade crescente. É fundamental que boas práticas internacionais sejam adaptadas à realidade local, visando ampliar o acesso à formação sem comprometer a qualidade do processo. A proposta em desenvolvimento no país busca tornar a habilitação mais acessível e eficiente, promovendo, assim, um ambiente de trânsito mais seguro para todos.
Com informações e Fotos do Ministério dos Transportes