O uso de antibióticos é frequentemente celebrado como um dos grandes marcos da medicina contemporânea, desempenhando um papel crucial no combate a infecções bacterianas. Entretanto, o uso inadequado e a automedicação com esses medicamentos são práticas recorrentes, especialmente no Brasil e, em particular, em Alagoas. O nutricionista David Braga, do Hospital Ib Gatto Falcão, alerta sobre as consequências negativas que essa abordagem pode trazer para a saúde, destacando o impacto severo na flora intestinal.
Embora os antibióticos sejam eficazes na destruição de bactérias patogênicas, seu uso indiscriminado ocasiona desequilíbrios na microbiota intestinal. Essas bactérias benéficas são essenciais para diversas funções vitais, como a digestão, a produção de vitaminas, a regulação do sistema imunológico e até mesmo a estabilidade do humor. A falta de supervisão médica pode levar a um quadro conhecido como disbiose intestinal, que é exatamente o que ocorre quando há um desequilíbrio entre microrganismos benéficos e nocivos. Os sintomas associados a essa condição incluem inchaço abdominal, constipação, diarreia, debilitação do sistema imunológico e maior vulnerabilidade a inflamações.
Além disso, um problema muito sério decorrente do uso incorreto de antibióticos é o aumento da resistência bacteriana. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que infecções que antes eram facilmente tratáveis estão se tornando mais difíceis de manejar. Isso não só compromete a eficácia de tratamentos estabelecidos, mas também representa um risco elevado à saúde pública.
Braga enfatiza que, após o uso de antibióticos, a atenção à alimentação é fundamental para a recuperação da flora intestinal. O profissional recomenda alimentos ricos em probióticos, como iogurte natural, kefir e kombucha, que ajudam a reabastecer a microbiota intestinal. Além disso, os prebióticos, encontrados em alimentos como banana verde, aveia, alho, cebola e uma variedade de vegetais, servem como alimento para as bactérias benéficas, promovendo sua multiplicação.
O suporte nutricional é considerado essencial neste processo de restabelecimento. Uma dieta equilibrada, rica em fibras, líquidos e compostos bioativos, pode proporcionar condições ideais para o bom funcionamento do intestino e a recuperação da imunidade. Portanto, a recomendação de Braga é clara: ao apresentar sinais de infecção, a consulta a um profissional de saúde deve ser priorizada. Somente um médico está apto a avaliar a real necessidade de antibióticos e a prescrever o tratamento adequado. O acompanhamento nutricional após a fase de medicação também é visto como fundamental para evitar complicações futuras.
David Braga finaliza ressaltando a importância da conscientização sobre o uso responsável de medicamentos e a valorização da nutrição como ferramenta de cuidado. Essas práticas são vitais para manter os avanços da medicina e garantir uma melhor qualidade de vida à população.
Com informações e fotos da Sesau/AL
