Com a chegada das temperaturas mais baixas, é comum observar um aumento nos casos de otite média aguda em crianças, uma condição que merece atenção especial, conforme alerta o médico Paulo Lincoln, do Hospital Ib Gatto Falcão em Rio Largo. Essa infecção, que afeta o ouvido médio, resulta da obstrução da tuba auditiva – um canal que conecta o ouvido à garganta – dificultando a drenagem natural das secreções. A obstrução cria um ambiente propício para a proliferação de bactérias, resultando em infecções.
Durante os meses frios, especialmente, as infecções respiratórias como gripes e resfriados tendem a aumentar. Isso se deve a vários fatores, incluindo a maior permanência em ambientes fechados e aglomerados, que favorece a transmissão de vírus, o clima seco que resseca as mucosas e reduz a proteção natural das vias respiratórias, e a menor exposição ao sol, que pode resultar em deficiência de vitamina D, crucial para o fortalecimento do sistema imunológico das crianças.
Os pais devem estar atentos aos sinais que indicam a evolução de uma infecção respiratória para otite. Os sintomas mais comuns incluem dor de ouvido, que pode ser intensificada quando a criança está deitada, febre, irritabilidade ou choro persistente, especialmente em bebês, além de sensação de ouvido tampado ou perda auditiva temporária. Em casos mais severos, a secreção no ouvido pode indicar uma perfuração do tímpano.
Para prevenir a otite, é fundamental evitar infecções respiratórias. Os pais podem tomar medidas simples, como manter a vacinação em dia (principalmente para gripe e pneumococo), realizar higiene nasal com soro fisiológico durante a circulação de vírus, incentivar o aleitamento materno e evitar ambientes fechados com fumaça de cigarro. Adicionalmente, é vital não oferecer mamadeira a crianças deitadas, pois isso pode aumentar o risco de refluxo para o ouvido médio.
Embora a otite possa causar grande desconforto, nem todos os casos requerem o uso imediato de antibióticos. Muitas infecções leves, especialmente em crianças maiores de seis meses, podem resolver naturalmente. É comum que pais iniciem tratamentos em casa utilizando antibióticos de prescrições anteriores. Esse comportamento é arriscado e contribui para a resistência bacteriana, uma preocupação crescente na saúde pública.
Lincoln ressalta a importância de fornecer orientações precisas para evitar automedicações e garantir um tratamento apropriado. A educação em saúde é fundamental, assim como o combate à desinformação, especialmente em épocas mais frias. A inter-relação entre infecções respiratórias e otite média aguda é clara, mas pode ser mitigada com atenção a sinais e sintomas, além do acompanhamento médico adequado.
“É essencial atender rapidamente a qualquer sinal de agravamento na saúde das crianças, garantindo que recebam o tratamento necessário”, enfatiza o médico. O compromisso com a saúde infantil e a prevenção é um aspecto fundamental do cuidado médico, e a escuta das famílias é igualmente crucial para garantir o bem-estar das crianças.
Com informações e fotos da Sesau/AL













