Culturas Ancestrais Ganhando Voz e Imagem no Sertão Alagoano
O sertão alagoano foi palco do renascimento de suas tradições através do documentário “Ecos das Tradições: Os Saberes dos Povos Nativos”. Essa produção inovadora, realizada com apoio do Governo de Alagoas e da Política Nacional Aldir Blanc, traz à luz as vivências de etnias locais como os Tingui Botó e os Kariri Xocó. O filme captura os momentos do 1º Festival Cultural “Ecos das Tradições”, que ocorreu em março e uniu aproximadamente 140 famílias de diferentes etnias em uma celebração vibrante de cultura e identidade.
Dirigido por Inapory Tingui Botó, com co-direção de Reidison Ruan Tonoré Kariri-Xocó e coordenação de Kawary Kariri-Xocó, o documentário é uma iniciativa da Associação Indígena Ipioca II. Durante três dias intensos, a Aldeia Kariri Xocó e a Aldeia Tingui Botó, situadas nos municípios de Campo Grande e Porto Real do Colégio, foram transformadas em um epicentro de arte e aprendizado. A programação abrangeu uma variedade de atividades, incluindo apresentações culturais, oficinas de artesanato e pintura corporal, além de exibições de filmes indígenas e debates sobre medicina tradicional e culinária típica.
Para Inapory, o audiovisual é uma ferramenta crucial que permite aos povos indígenas contar suas histórias de forma autêntica. Ela acredita que esse meio de expressão facilita o acesso e a compreensão da cultura indígena pelo público em geral, ressaltando sua riqueza e profundidade. O objetivo do festival, segundo Inapory, é desmistificar e externalizar a cultura dos povos originários, ampliando sua visibilidade e promovendo um maior respeito e entendimento dessas tradições.
A importância desse evento foi corroborada por Iradzú Kariri Xocó, que enfatizou a relevância da união da comunidade para o fortalecimento das tradições. A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, também destacou o compromisso do governo estadual em apoiar iniciativas que preservam e promovem as culturas indígenas, reconhecendo a contribuição vital desses povos para a história e identidade brasileira.
O festival envolveu um processo cuidadoso de preparação que incluiu reuniões e oficinas focadas na aquisição de instrumentos e materiais para as atividades, que foram projetadas para fomentar a interação cultural entre as comunidades e os visitantes. Desde danças e jogos tradicionais até discussões sobre identidade e preservação ambiental, a programação foi rica e diversificada, culminando na construção de ocas e exposições de artesanato.
As etnias Tingui Botó e Kariri Xocó, com suas raízes profundas em Alagoas, continuam a preservar a memória de seus antepassados por meio da língua, dança, espiritualidade e costumes transmitidos de geração em geração. A produção do documentário e o festival em si representam um passo significativo na valorização e emancipação das culturas indígenas, permitindo que os jovens e a sociedade em geral se conectem com suas origens e tradições ancestrais.
Com informações e fotos da Secult/AL
