Na última segunda-feira (30), ocorreu em Brasília um workshop intitulado “Fertilizantes 2025: cenários e perspectivas”, organizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em colaboração com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O evento foi focado na relevância dos fertilizantes para a segurança alimentar e no fortalecimento da produção agrícola no Brasil, com uma ênfase especial nas diretivas do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF).
Os representantes do Mapa destacaram a urgência em ampliar a produção interna de fertilizantes e diminuir a dependência de importações, imprescindíveis para o agronegócio no país. Atualmente, o Brasil responde por aproximadamente 8% do consumo global de fertilizantes, posicionando-se como o quarto maior consumidor do mundo, apenas atrás de China, Índia e Estados Unidos. A soja, o milho e a cana-de-açúcar são as culturas que compreendem mais de 73% desse consumo. Contudo, surpreendentemente, mais de 90% dos fertilizantes utilizados no país são importados, o que expõe o setor agrícola a flutuações significativas no mercado internacional, impactando diretamente os produtores rurais e suas margens de lucro.
O Plano Nacional de Fertilizantes, introduzido em 2022, visa lidar com essa situação crítica, adotando uma estratégia que busca reduzir a dependência externa e promover a produção nacional. Este plano tem como objetivo atender de 45% a 50% da demanda interna até 2050, investindo no desenvolvimento de tecnologias que considerem as particularidades das condições brasileiras. A iniciativa promove práticas sustentáveis, como o uso de nutrientes orgânicos e o reuso de resíduos.
O assessor especial de projetos estratégicos do Mapa, José Carlos Polidoro, projetou um crescimento significativo na produção interna de fertilizantes nos próximos anos. De acordo com ele, espera-se um aumento de 35% na produção de fertilizantes nitrogenados até 2025 e um incremento de mais de 50% até 2030, através de cinco novos projetos. Também são esperados aumentos de 25% na produção de fertilizantes fosfatados e potássicos, com investimentos que podem superar R$ 25 bilhões até 2030, criando aproximadamente 5 mil empregos diretos e 30 mil indiretos. Essa movimentação poderá reduzir a dependência externa do Brasil de 90% para menos de 70% no final da década.
Durante o workshop, foi realizada a apresentação do Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas (CEFENP), uma iniciativa do setor público e privado com o intuito de incentivar a indústria nacional de fertilizantes. O centro tem como missão aumentar a disponibilidade de matérias-primas, diversificar a base tecnológica e fomentar o desenvolvimento de novos insumos.
A expectativa é que parte do investimento global de mais de 80 bilhões de dólares para a produção de fertilizantes sustentáveis, que incluem insumos verdes e bioinsumos, seja atraído para o Brasil por meio do CEFENP. O lançamento virtual do centro está agendado para ocorrer durante a COP 30 em novembro, alinhando-se aos esforços de descarbonização da economia, ao mesmo tempo em que busca melhorar a oferta, a eficiência no campo e a competitividade dos produtores rurais brasileiros.
O evento reuniu cerca de 250 participantes, incluindo representantes de diversas entidades do governo e da cadeia produtiva agrícola nacional.
Com informações e Fotos do Ministério da Agricultura e Pecuária