O II Fórum Mulher no Esporte, promovido pelo Comitê Olímpico do Brasil, teve início em um ambiente de reflexão e transformação. A palestra de abertura foi conduzida por Fabi Alvim, bicampeã olímpica de voleibol, que com suas palavras inspiradoras inaugurou o evento sob o tema “Além do que se vê”. Fabi trouxe à tona não só suas conquistas pessoais, mas também uma análise crítica sobre os obstáculos que ainda persistem para as mulheres no contexto esportivo.
Logo no início de sua apresentação, Fabi desafiou os ouvintes a saírem de suas zonas de conforto, estimulando o diálogo acerca da
desigualdade de gênero no esporte. Com sua fala envolvente, ela descreveu suas experiências pessoais, como a sensação de isolada durante a infância por ser a única menina a jogar futebol com os meninos. Essa memória inicial destacou uma distinção precoce entre esportes considerados masculinos e femininos, e serviu de introdução para a apresentação de dados preocupantes: enquanto 26% mais homens praticam esportes em relação às mulheres, estas ainda enfrentam uma probabilidade seis vezes maior de abandonar atividades esportivas devido à falta de apoio adequado.
A atleta compartilhou suas estratégias diante de um cenário predominantemente masculino, lembrando como no início de sua carreira no vôlei, se oferecia para marcar placares em troca de espaço e vez nas quadras. Foi marcada pela lembrança do “boom” do voleibol masculino brasileiro em 1992, que inspirou, já em 1996, suas referências femininas no esporte, como Mireya Luis e Shelda, provando que representatividade importa. A frase de Billie Jean King, “Você precisa ver para ser”, ressoava na projeção atrás dela, simbolizando a importância de exemplos viáveis e presentes.
Diante do público, Fabi falou sobre a gradual evolução do reconhecimento das mulheres no esporte, citando ícones como Hortência, Isabel Salgado e Aída dos Santos. Ela apresentou comparações históricas de manchetes na imprensa esportiva, evidenciando uma mudança progressiva, mas ainda necessária para alcançar a equidade. Em 2004, por exemplo, uma manchete destacava um time feminino como imitador do masculino. Contudo, uma reportagem de 2024 já celebrava o protagonismo feminino nos Jogos Olímpicos de Paris, reconhecendo o relevante papel das mulheres, com destaque para as conquistas históricas.
Fabi também destacou dados contundentes que refletem disparidades persistentes: ainda que as mulheres componham 52% da população, apenas 4% da cobertura esportiva é dedicada a elas. Apenas 12% das notícias esportivas são apresentadas por mulheres, enquanto a disparidade salarial é gritante – uma análise de 2020 mostrou a presença de apenas duas mulheres entre os 100 atletas com maiores rendimentos no mundo, declinando para nenhuma em 2024. Além disso, apenas 13% das treinadoras nos Jogos Olímpicos são mulheres, acentuando a necessidade urgente por mudança.
Com sua contribuição inestimável e seu status como uma das referências femininas no esporte brasileiro, Fabi foi aplaudida de pé, após uma apresentação que não deixou dúvidas sobre o quanto há ainda por fazer. O evento destacou a importância de eventos como esse para o avanço contínuo da mulher no esporte.
Com informações do Comitê Olimpico do Brasil
Legenda Foto: Fabi Alvim, bicampeã olímpica, deu início ao II Fórum Mulher no Esporte com uma palestra inspiradora intitulada “Além do que se vê”. Compartilhando suas experiências pessoais e dados alarmantes sobre a desigualdade no esporte, Fabi provocou reflexões sobre os desafios enfrentados pelas mulheres no cenário esportivo. O evento, organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil, destacou a necessidade de maior representatividade feminina em todas as esferas do esporte. Foto: Helena Barreto/COB #MulherNoEsporte