Na semana passada, um caso que havia gerado grande apreensão na comunidade de São Sebastião, em Alagoas, teve um desfecho significativo. O Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca anunciou a conclusão da identificação de uma ossada carbonizada, que foi encontrada em um canavial em setembro de 2023. A vítima foi identificada como João Paulo da Silva, um jovem de 23 anos que, até então, estava desaparecido. O momento foi um alivio para a sua família, que há tempos buscava respostas sobre seu paradeiro.
A descoberta da ossada aconteceu no dia 20 de setembro, em um local onde a queima do canavial dificultou a identificação inicial da vítima, já que o corpo apresentava um avançado estado de decomposição e ausência de características que permitissem o reconhecimento. Embora uma amostra de material biológico tivesse sido coletada para a realização de exames de DNA, a falta de qualidade na amostra não possibilitou um confronto genético eficaz.
A reviravolta no caso começou quando o perito odontolegista, Rimsky Coelho, atendeu familiares de João Paulo para comunicar o resultado negativo do teste de DNA. Ao analisar o prontuário, notou que a arcada dentária da ossada apresentava diversos procedimentos odontológicos e sugeriu que a família buscasse os registros da clínica onde o jovem havia sido tratado. Graças ao empenho dos familiares, uma radiografia panorâmica de João Paulo foi obtida e enviada ao IML. A análise desse material revelou características dentárias que foram fundamentais para o processo de identificação.
No dia 7 de março, uma equipe do IML, composta pelo perito Coelho e pela técnica forense Dayane Moreira, realizou uma exumação da ossada, que tinha sido sepultada como indigente no Cemitério Santo Antônio, em Arapiraca. Através de um exame meticuloso dos arcos dentários, foi possível confrontar as informações da radiografia com a ossada, levando à confirmação de que aqueles restos mortais pertenciam de fato a João Paulo.
Esse caso destaca a importância da odontologia legal nas investigações, oferecendo um suporte essencial em momentos de luto. A implantação de um núcleo de odontologia na unidade do IML, um projeto que se tornou viável após a seleção de novos profissionais para a Polícia Científica, foi decisivo para a resolução deste caso. A identificação não apenas trouxe um senso de encerramento para a família, mas também evidenciou a relevância da expertise técnica em situações de desaparecimento e crime, reforçando o papel da ciência forense na busca pela verdade e justiça.
Com informações e fotos do Governo de Alagoas