Reunidos mais uma vez a partir desta terça-feira, e tendo que anunciar amanhã o que decidiram sobre as taxas de juros Selic, os integrantes do Comitê de Política Monetária do Banco Central estão mais uma vez sob uma enorme e descabida pressão do mercado financeiro.
Agem e tentam decidir com a faca no pescoço, sempre a eles apontada por esse pedaço agigantado do capital que lucra por meio da especulação financeira, com suas opostas indecorosas, com o armazenamento de seus ganhos no exterior, num notável e visível dano aos brasileiros que trabalham e produzem e que são vítimas dos juros altos.
O Copom do BC sempre tem agido em conluio com esse lado perverso do mercado financeiro ancorado na Faria Lima. Isso acontece desde fevereiro de 2019, há mais de cinco anos, quando Roberto Campos Neto chegou à Presidência do Banco Central, pelas mãos do então presidente brasileiro Jair Messias Bolsonaro, e recebeu a missão de servir aos patrões de forma geral e irrestrita.
Essa é, evidentemente, tirando-se os atentados contra a Democracia brasileira que culminaram com o 8 de janeiro de 2023, a pior herança que os brasileiros herdaram do governo passado. A presença de Roberto Campos Neto, com sua atuação persistente e escancarada a favor dos rentistas nacionais, fez de um Banco Central “independente” uma instituição subalterna, mesquinha , anti-nacional, atrelada a objetivos contrários aos interesses do trabalhador, da indústria, dos setores dee serviços, do emprego, da renda e do consumo das famílias brasileiros.
Além da combinação vergonhosa que faz com o mercado, a olhos nus, assombrando a nação ante a ameaça de uma suposta volta da inflação- como justificativa para elevar as taxas de juros-, Roberto Campos Neto foi um eficiente serviçal do mercado noutras áreas expressivas incidentes sobre a economia. Com a disparada do dólar frente ao real vista de maneira inexplicável nos últimos dias, fica-se sabendo que o Banco Central, sob o comando de Campos Neto, na tarefa de conter a elevação despropocional da moeda estrangeira, atuou 113 vezes, vendendo dólar, durante o governo Bolsonaro, e apenas uma vez durante esses dois anos do Governo Lula, embora o mercado nunca teve antes tão ferenha atuação para fazer o dólar disparar quanto agora.
Isso, por si só, dá uma demonstração do caráter eleitoreiro, ideológico, que Campos Neto aplicou ao seu posto de presidentre do BC.
Se nessa última sessão do ano do Copom a pressão dos especuladores financeiros vem muito mais forte, querendo uma elevação de taxa Selic na casa dos 0,75%, o que coloca os juros aplicados no país no patamar de 12% ao ano- novamente os mais elevados do mundo-, há ao menos um alento, um merecido alívio a ser festejado.
Com esse ciclo de reuniões, nestes 10 e 11 de dezembro de 2024, tem fim, para alívio geral, o império grotesco dessa herança maltida que se chama Roberto Campos Neto.
A partir de primeiro de janeiro, ele será visto apenas pelas costas, com o fim, em 31 dezembro, de seu desastroso mandato à frente de uma instituição que poderia ( e pode) ter atuação importante em benefício dos que trabalham, dos que produzem, dos que querem, dos que estudam e sonham, e querem ver reduzidas as gritantes desigualdades sociais e econômicas, afinal, dos que queremos ver um Brasil melhor, mais justo e mais respeitado.
A partir de 1º de janeiro o Banco Central será dirigido por Gabriel Galípolo, indicado e nomeado pelo Presidente Lula, que também indicou e nomeou três outros diretores da instituição (Nilton David, Izabella Correa e Gilneu Vivan), dando mais equlíbrio a um organismo importante da economia que vem nas mãos do mercado há mais de cinco anos.
Sem desejar que o Banco Central seja menos independente, é de esperar-se que seus dirigentes tenham, a partir de janeiro de 2025, mais decência no porte pessoal e mais consciência sobre as necessidades que a Nação ostenta para ser mais justa, mais próspera e menos desigual.
Por José Osmando