Na última quinta-feira, parlamentares dos países do G20 reuniram-se na sessão inaugural do P20 para discutir “A contribuição dos Parlamentos no combate à fome, à pobreza e à desigualdade”. Os representantes identificaram dois desafios críticos no enfrentamento da insegurança alimentar: políticas de redistribuição de renda consideradas ineficazes e o impacto negativo de conflitos geopolíticos crescentes.
Fabiana Martín, presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul), destacou em seu discurso uma previsão alarmante das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que aponta que 670 milhões de pessoas continuarão a enfrentar crises alimentares na próxima década, a menos que ações pertinentes sejam implementadas. “Estamos cometendo erros, pois os resultados esperados ainda não foram alcançados”, declarou Martín. Ela argumentou que a fome não é um fenómeno causado apenas por fatores externos, mas sim uma consequência de decisões políticas equivocadas, já que o mundo produz comida suficiente para sua população, mas falha na sua distribuição adequada. A parlamentar sublinhou ainda a necessidade de ação dos legisladores para mitigar os “impactos devastadores de políticas inadequadas”, enfatizando a criação de uma frente parlamentar contra a fome que incorpora mais de 500 legisladores da América do Sul.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado brasileiro, reforçou a importância do papel dos parlamentos em promover soluções e justiça social diante deste cenário alarmante. Ele salientou que o compromisso e a cooperação internacional são fundamentais para construir um futuro sem fome, pobreza e desigualdades extremas, mediante a implementação de marcos legais efetivos.
A questão dos conflitos armados também foi abordada por Lindsay Hoyle, presidente da Casa dos Comuns do Reino Unido, que apontou as guerras na Ucrânia e Gaza como exacerbantes da fome e miséria. Hoyle criticou a interrupção do fluxo de grãos da Ucrânia, que afetou de maneira drástica os países mais pobres da África, e defendeu a necessidade de um trabalho conjunto entre parlamentos através de fóruns multilaterais.
Xiunxin Deng, parlamentar chinês, trouxe à tona a influência da polarização política, que, segundo ele, desestabiliza os preços dos alimentos e aumenta as desigualdades. Deng defendeu a redução de barreiras ao acesso à tecnologia e a intensificação do multilateralismo em organizações como a ONU e a OMS, argumentando que essas ações são essenciais para atender às populações vulneráveis.
A abordagem indiana sobre transferência de renda foi destacada por Shri Harivansh, vice-presidente do Senado da Índia. Ele creditou políticas de transferência de renda como transformadoras no combate à miséria, afirmando que essas políticas, aliadas a medidas sanitárias e financeiras, retiraram mais de 200 milhões de indianos da pobreza entre 2014 e 2023.
Por fim, Kian Peng Seah, presidente do parlamento de Singapura, defendeu políticas equitativas e a importância do apoio legislativo na distribuição de renda. Ele destacou que as estratégias de Singapura são focadas em proporcionar subsídios para grupos de baixa renda, visando à educação, saúde e assistência social, contribuindo para a mobilidade social e aumento de renda.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados