Na tumultuada sessão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, três testemunhas foram ouvidas como parte do processo movido contra o deputado Glauber Braga, do PSOL do Rio de Janeiro. A denúncia partiu do Partido Novo, que acusa Glauber de violar o decoro parlamentar ao expulsar, com empurrões e chutes, Gabriel Costenaro, membro do Movimento Brasil Livre (MBL), durante uma manifestação em 16 de abril. Na ocasião, Costenaro participava de um ato de apoio aos motoristas de aplicativos em uma audiência pública que discutia o Projeto de Lei 12/24, destinado à regulamentação da profissão.
Durante a sessão, Glauber Braga questionou Gabriel Costenaro sobre detalhes de sua presença na Câmara. Costenaro revelou ter chegado ao local acompanhado por um motorista de Uber e afirmou que sua entrada foi autorizada pela deputada Adriana Ventura, do Partido Novo de São Paulo. Glauber fez questão de confrontar Costenaro sobre supostas abordagens gravadas onde o ativista teria ofendido sua mãe, que na época enfrentava sérios problemas de saúde. Costenaro, porém, não soube precisar a frequência dessas abordagens, levando o deputado a insinuar que eram incidentes recorrentes. Chico Alencar, outro deputado do PSOL, reforçou as suspeitas questionando Costenaro sobre seu objetivo ao frequentar a Câmara, o que foi negado pelo ativista.
Além disso, Costenaro alegou ter sido fisicamente agredido por Glauber Braga, e afirmou que as câmeras de segurança corroboram seu relato. O episódio incluiu ainda uma troca de acusações entre Glauber Braga e Kim Kataguiri, também do MBL, que relatou ter sido chamado de defensor do nazismo por Glauber durante uma discussão acalorada. Kataguiri mencionou que a situação apenas se acalmou após a intervenção da Polícia Legislativa.
A audiência também contou com o depoimento do deputado Alberto Fraga, presidente da Comissão de Segurança Pública, que trouxe à tona comportamentos anteriores de Glauber Braga, sublinhando discussões intensas nas quais o deputado quase chegou a agressões físicas. Com o processo em andamento, o presidente do Conselho de Ética, Leur Lomanto Júnior, deve se reunir com o relator, deputado Paulo Magalhães, para definir os próximos passos e os depoimentos subsequentes no caso.
A complexidade do incidente reflete tensões políticas mais amplas no cenário brasileiro, onde manifestações e debates sobre regulamentações relacionadas a serviços inovadores, como o de motoristas de aplicativos, frequentemente acirram ânimos entre parlamentares e ativistas de diferentes vertentes ideológicas. O desenrolar deste processo poderá ter implicações significativas tanto para Glauber Braga quanto para a dinâmica no interior da Câmara dos Deputados.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados