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Governança mundial e alternativa ao dólar serão temas centrais na cúpula do Brics

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Dois temas prioritários deverão tomar conta dos debates que serão travados na próxima semana, entre 22 e 24 de outubro, em Kazan, na Rússia, durante a 16ª Conferência da Cúpula do Brics, o grupo que reúne os mais importantes países emergentes do mundo, numa hora de graves conflitos, de um lado, e de severa fragilidade de instituições internacionais como a ONU.

A primeira questão dessa pauta diz respeito aos esforços que as nações devem desenvolver, e os meios adequados para realizá-los, com vistas a alcançar-se um novo modelo de governança mundial, fundado na harmonia entre nações, em respeito à ordem internacional, e no domínio de uma visão mais responsável dos governantes no que diz respeito aos problemas cruciais das desigualdades econômicas e sociais, do aumento da pobreza e da fome, do agravamento do clima, em decorrência da degradação ambiental, finalmente, da interrupção dos conflitos armados que avançam de maneira cruel, sobretudo no Oriente Médio, puxados essencialmente por Israel.

Nessa questão específica, o principal objetivo do bloco é alterar o sistema de governança global, tendo por base a cooperação entre países, com uma reforma como a que o Brasil prega em relação ao Conselho de Segurança da ONU, um instrumento que se mostra cada vez mais deteriorado, sem papel relevante no mundo, esfacelado por atitudes unilaterais agressivas e desrespeitosas como as que são praticadas em escalada progressiva por entes como Israel. 

A reforma de governança que está a caminho e que dominará o debate no Brics a partir dessa cúpula da Rússia, é da introdução de meios alternativos a instituições como o FMI e o próprio BID como mecanismos de fomento às economias dos países emergentes.

O outro tema de relevância, que entra definitivamente na meta do Brics é o que trata do surgimento de uma alternativa ao dólar, mediante a criação de uma moeda de transações comerciais e investimentos entre os países membros do Brics, aumentando as condições de pagamento e reduzindo as vulnerabilidades impostas pelo domínio da moeda norte-americana, que tem se tornado um gargalo nas condições de países que não sejam grandes potências.

A Cúpula do Brics na Rússia, nessa próxima semana reunirá não apenas os países membros (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Egito, Irã, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Etiópia), mas os outros cerca de 30 países que foram convidados, com destaque para nações da África, Ásia e América Latina. 

O Presidente Lula embarca para a Rússia no começo da semana, para participar do evento, num momento importante em que se prepara para assumir a Presidência do Brics, a partir de 1º de janeiro de 2025, quando o Brasil passará a comandar a instituição no momento mais efervescente de sua existência, quando se debate um novo modelo político para o mundo diante de uma Organização das Nações Unidas esfacelada, com capacidade reduzida a cada passo das incursões sangrentas que se desenvolvem e que hoje já são 56 conflitos existentes.

O Brics, hoje, já concentra cerca de 36% do Produto Interno Bruto Global (PIB), superando o G7, grupo das maiores economias do Planeta, formado por Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e outros, que detém algo em torno do 30% do PIB mundial. Fundado em 2006, com seu nome formado a partir das iniciais dos quatro países fundadores (Brasil, Índia, China e Rússia), o Brics teve sua primeira cúpula de chefes de estado realizado apenas em 2009 e em 2011 acolheu a África do Sul.  

Para evidenciar o crescente interesse pelo desenvolvimento de seu importante papel no mundo, somente para esta cúpula da Rússia nada menos do que 24 presidentes de países estarão presentes, entre as 32 nações que confirmaram participação.

Atualmente, o Novo Banco de Desenvolvimento (o NBD) é a instituição financeira do Brics, presidido pela ex-presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff, financiando projetos de infraestrutura e desenvolvimento entre os países-membros.

Ao assumir  a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2025, o Brasil deverá cumprir uma tradição de manter e liderar  iniciativas produtivas e voltadas para resultados concretos, com preocupação bastante evidenciada para questões das desigualdades, como o combate à fome e à pobreza, tema para o qual tem exemplo próprio de atuação interna, bem como as melhores condições nas relações comerciais entre os países emergentes, o convencimento de se estabelecer a paz mundial e o enfrentamento vigoroso das tragédias advindas do desequilíbrio ecológico.

Por José Osmando

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