Um recente relatório sobre o impacto da Inteligência Artificial no mercado de trabalho no Brasil foi lançado pelo Observatório de Inteligência Artificial e Mundo do Trabalho em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Este estudo, conduzido por um grupo de acadêmicos de renomadas instituições, destaca a necessidade de regulamentação, desenvolvimento e governança no cenário atual da tecnologia.
A professora Roseli Figaro, coordenadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, comentou sobre o relatório, destacando a importância de se ter uma visão abrangente sobre a Inteligência Artificial no Brasil. Ela ressaltou a preocupação com a regulamentação, visando trazer estabilidade jurídica tanto para investidores quanto para a governança do país.
No que diz respeito à regulação, o relatório aponta a necessidade de um arcabouço legal que garanta segurança jurídica para investidores e proteção para os trabalhadores. Projetos de lei em tramitação no Senado, como o Projeto de Lei 23/38, são vistos como esforços neste sentido. No entanto, a professora observa que ainda há desafios em relação à proteção dos direitos trabalhistas em meio às transformações digitais.
Além disso, o desenvolvimento de tecnologias de IA no Brasil também foi abordado no relatório. Apesar do país estar em posição de liderança na América Latina, ainda possui um papel modesto comparado a potências internacionais. Iniciativas estão sendo planejadas para aumentar investimentos em pesquisa e formação profissional na área nos próximos anos.
A questão da governança também é crucial, com a sociedade civil e sindicatos buscando assegurar que os interesses dos trabalhadores sejam considerados nas discussões sobre IA. A mobilização tem crescido nos últimos anos, visando esclarecer os impactos da IA na vida das pessoas e garantir que a introdução da tecnologia não resulte na precarização do trabalho, mas sim em melhores condições laborais.
Em resumo, o relatório e as discussões em torno dele representam o início de um debate complexo sobre o impacto da Inteligência Artificial no mercado de trabalho. A professora Roseli destaca que, apesar dos desafios, é possível adotar uma nova matriz tecnológica de forma a beneficiar a todos, desde que os direitos e a qualidade de vida dos trabalhadores sejam preservados. A luta por um futuro justo e equitativo no mercado de trabalho diante dos avanços da IA está apenas começando e requer atenção contínua.
Com informações e fotos do Jornal da USP
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