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Fumaça e crise: Comissão do Congresso debate queimadas no Brasil

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Uma vasta onda de queimadas tem assolado diversos estados do Brasil, inclusive o Distrito Federal, colocando a emergência climática no centro das atenções da Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional. O assunto foi tema de uma entrevista concedida pela presidente da comissão, deputada Socorro Neri (PP-AC), à Rádio Câmara nesta terça-feira (27). Durante a conversa, Neri expressou profunda preocupação com os eventos climáticos extremos que o país tem enfrentado, como enchentes e secas intensas, sugerindo que muitas dessas queimadas podem ser resultado de ações criminosas, atualmente sob investigação.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio registrados recentemente é o mais alto dos últimos 14 anos. O estado de São Paulo, por exemplo, está em alerta máximo, com 48 cidades do interior severamente afetadas. A devastação contabiliza mais de 20 mil hectares queimados e estima-se que o prejuízo no estado já alcance aproximadamente R$ 1 bilhão.

Socorro Neri destacou que eventos como esses não são inéditos, especialmente na região Amazônica. No entanto, a recente disseminação das queimadas para a região Sudeste pode atrair uma atenção renovada e crucial para o problema. “A Amazônia já vem sofrendo isso há mais tempo. O bom é que agora há uma preocupação maior. Quem sabe, à medida que há uma visibilidade maior, em função de ter atingido também dez estados brasileiros, sobretudo do Sudeste, se tem uma atenção maior de quem tem o poder de agir,” comentou.

A deputada também enfatizou a necessidade imperativa de investir em medidas de prevenção e fiscalização mais eficazes. Ela sublinhou a importância de apoiar pequenos agricultores na transição para técnicas agrícolas que não envolvam o uso de fogo para preparar terras para pasto e plantio. “Para continuar sendo o celeiro de alimentos do mundo, é preciso colocar todo mundo no diálogo. Não dá para os grandes produtores de alimentos do nosso país usarem isso como escudo para não discutir mudanças que precisam acontecer no setor,” afirmou Neri.

Além disso, a parlamentar pontuou a relevância da educação ambiental como ferramenta essencial para enfrentar o problema. Ressaltou que é vital abandonar o “negacionismo climático” e reconhecer que os eventos recentes não são naturais, mas sim resultado das mudanças climáticas. “Precisamos fazer o dever de casa. Esse é um tema que requer um debate sério aqui no Congresso Nacional, baseado em dados e evidências,” disse Neri. Ela reiterou o compromisso da Comissão de Mudanças Climáticas com um trabalho fundamentado em evidências científicas e dados confiáveis, buscando soluções viáveis para um problema tão urgente e complexo.

O cenário de Brasília encoberta por uma cortina de fumaça ilustra dolorosamente a gravidade da situação, e a mobilização do Congresso Nacional pode ser um passo crucial na busca por respostas e ações concretas contra essa crise.

Com informações e fotos da Câmara dos Deputados

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