Na segunda-feira, 15 de julho de 2024, uma intensa audiência pública na Câmara dos Deputados suscitou discussões acaloradas sobre a proposta de criação da Universidade Federal do Iguaçu (UFI), no Paraná. Esta iniciativa, delineada pelo projeto de lei 4505/21, é uma proposta do deputado Filipe Barros (PL-PR). O projeto prevê a formação da UFI a partir da cisão dos campi paranaenses da atual Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).
Atualmente, a UFFS tem sua sede em Chapecó, Santa Catarina, e inclui um total de cinco campi: três no Rio Grande do Sul e dois no Paraná, situados em Realeza e Laranjeiras do Sul. A medida tem gerado controvérsias e preocupações significativas, especialmente por parte do reitor da UFFS, João Alfredo Braida. Braida alertou que a fragmentação da universidade pode comprometer o processo de estruturação em curso e enfraquecer a capacidade da instituição em competir por financiamentos de agências de fomento. “Precisamos fortalecer e consolidar os campi que já temos”, defendeu Braida.
A UFFS, fundada em 2009, se orgulha de um corpo docente composto por 766 professores e 719 técnicos administrativos, atendendo cerca de 6.600 alunos. João Alfredo Braida também contestou o argumento do deputado Filipe Barros de que os campi do Paraná estariam desassistidos, o que justificaria a criação da nova universidade. Argumentos em defesa da emancipação foram igualmente rebatidos pelos gestores dos campi de Realeza e Laranjeiras do Sul, Marcos Antônio Beal e Manuela Pereira, respectivamente. Manuela Pereira enfatizou: “Já estamos no limite da nossa estrutura física. Não é nos dividindo que vamos crescer mais”.
O Ministério da Educação, representado por Tânia Mara Francisco, diretora de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Educação Superior, também participou da discussão. Tânia esclareceu que a criação de uma nova universidade exige pelo menos 2.800 vagas para alunos, um número que os campi de Realeza e Laranjeiras do Sul não atingem. Acrescentou ainda que atualmente o ministério não tem planos para inaugurar novas instituições federais, optando por consolidar a estrutura já existente: “Temos a convicção de que é muito importante, neste momento, consolidar a estrutura já existente, em vez de ampliar”.
A audiência foi proposta pelo deputado Tadeu Veneri (PT-PR), que sublinhou a necessidade de se aprofundar o debate sobre o projeto. Ele argumenta que a proposta de emancipação dos campi paranaenses não foi devidamente discutida com a comunidade acadêmica e anunciou que solicitará o arquivamento do projeto. “Vamos solicitar o arquivamento do texto. Cabendo dentro do Regimento [Interno da Câmara], isso será feito”, afirmou Veneri.
A proposta de criação da UFI aguarda votação na Comissão de Administração e Serviço Público, cujo relator, o deputado Felipe Francischini (União-PR), já emitiu parecer favorável. Se não for arquivado, o projeto deverá ser analisado ainda por outras três comissões: a de Educação, a de Finanças e Tributação, e a de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de seguir para o Senado.
Com informações e fotos da Câmara dos Deputados